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Rishi Sunak prepara britânicos para "decisões difíceis" de seu governo

Em seu primeiro discurso como novo chefe do governo britânico, Rishi Sunak alertou que "terá de tomar decisões difíceis para enfrentar a profunda crise econômica" que o Reino Unido atravessa. O bilionário, ex-executivo do setor bancário, de 42 anos, neto de imigrantes indianos, chega ao poder em um momento muito complexo para o país e a Europa.

O novo primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, discursa em frente à sede do governo, em Londres. 25 de outubro de 2022.
O novo primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, discursa em frente à sede do governo, em Londres. 25 de outubro de 2022. © Henry Nicholls/Reuters
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Rishi Sunak falou aos britânicos, nesta terça-feira (25), em frente ao 10 Downing Street, endereço onde fica a sede do governo, em Londres. Mais cedo, durante uma audiência no Palácio de Buckingham, o rei Charles III, que assumiu o trono após a morte da rainha Elizabeth II em 8 de setembro, o convidou a formar o governo na qualidade de líder da maioria parlamentar. Ontem, Sunak tinha sido designado o novo líder do Partido Conservador.

"A estabilidade econômica e a confiança estarão no centro da ação deste governo. Isto significa que decisões difíceis terão de ser tomadas", afirmou o novo premiê em tom grave. Ele enfatizou que sua antecessora, Liz Truss, havia "cometido erros" que agravaram a crise econômica, embora tivesse agido de "boa fé". Lembrou, em seguida, que foi nomeado em parte para "consertar" essa situação e que "começaria o trabalho imediatamente".

Sunak explicou que não se sente "intimidado" pela extensão da tarefa. "Criaremos um futuro que valha a pena diante dos sacrifícios que tantos fizeram para proporcionar um amanhã, e cada dia que virá, de esperança", continuou ele. 

Sunak também disse estar "consciente" do trabalho que precisa ser feito para "restaurar a confiança", em uma referência aos escândalos do governo de Boris Johnson, a quem expressou sua "gratidão".

Ferrenho defensor do Brexit, Sunak é um liberal ortodoxo, partidário do rigor no controle das contas públicas. O que muitos analistas questionam é se trabalhadores, aposentados e a classe média irão aceitar remédios amargos de um líder de governo que foi criado nos altos padrões da aristocracia britânica e, ainda por cima, é casado com uma bilionária.

O rei Charles III recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham para confirmá-lo na chefia do governo, depois da decisão anunciada ontem pelo Partido Conservador de nomeá-lo como sucessor de Liz Truss.
O rei Charles III recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham para confirmá-lo na chefia do governo, depois da decisão anunciada ontem pelo Partido Conservador de nomeá-lo como sucessor de Liz Truss. © Aaron Chown/Pool via REUTERS

Truss cita Sêneca

Mais cedo, Liz Truss, que havia estado no Palácio de Buckingham para entregar sua demissão ao rei Charles III antes da passagem de Sunak, desejou ao seu sucessor "todo o sucesso" do mundo, "para o bem de nosso país".

Ela fez um apelo "à ousadia no poder", citando o filósofo romano Sêneca: "Não é porque certas coisas são difíceis que nós não ousamos. É justamente porque não ousamos que tais coisas são difíceis!", disse a deputada conservadora.

No discurso em frente à sede do governo, Sunak reafirmou o apoio da Grã-Bretanha à Ucrânia na "terrível guerra" travada por Moscou, que deve "terminar com um sucesso" para Kiev. Londres se comprometeu a ajudar Kiev com até £ 2,3 bilhões (US$ 2,6 bilhões), um auxílio que fica atrás apenas dos Estados Unidos.

A Rússia "não tem nenhuma esperança" de melhorar as relações com o Reino Unido em um governo Sunak, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Primeiro chefe de governo de origem indiana da história do Reino Unido, Sunak foi escolhido para o cargo pela confiança que os mercados depositam nele quanto à sua capacidade de manter uma atmosfera de estabilidade. Ex-ministro das Finanças no governo de Boris Johnson, foi ele quem conduziu a economia do país durante a pandemia da Covid-19.

Durante a disputa que elegeu Liz Truss, Sunak falou claramente que o plano econômico defendido por ela, com reduções maciças de impostos, não daria certo. Ele assume o poder com o desafio de manter a unidade do Partido Conservador, mais polarizado do que nunca, e dar um pouco de sossego aos indicadores econômicos.

Novo gabinete aponta para continuidade

No final da tarde desta terça-feira, Sunak anunciou a composição de seu novo gabinete. Seu aliado Dominic Raab retorna ao governo como ministro da Justiça e vice-primeiro-ministro, cargos que ocupou na gestão de Boris Johnson. No restante do ministério, Sunak optou pela continuidade.

Jeremy Hunt permanece no cargo de ministro das Finanças. Chamado para apagar o incêndio no governo relâmpago de Liz Truss, ele cancelou os cortes de impostos e propõe uma redução da despesa pública, solução complicada no momento em que as famílias britânicas precisam mais do que nunca de assistência para superar a crise energética decorrente da guerra na Ucrânia. 

O ministro da Defesa, Ben Wallace, fica no cargo, bem como o chanceler James Cleverly. Suella Bravermann foi renomeada na pasta do Interior e Penny Mordaunt, encarregada das Relações com o Parlamento, que disputou a chefia de governo, mas perdeu para Sunak, fica no cargo. 

Com informações da AFP

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