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Reino Unido anuncia pacote bilionário para lutar contra inflação e recessão

O governo britânico apresentou nesta sexta-feira (23) ao Parlamento um pacote de medidas para estimular a economia e atenuar a inflação, que inclui o congelamento das contas de energia, uma redução dos impostos e a desregulamentação do setor bancário.

O ministro britânico das Finanças, Kwasi Kwarteng, em 23 de setembro de 2022.
O ministro britânico das Finanças, Kwasi Kwarteng, em 23 de setembro de 2022. AFP - DANIEL LEAL
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O pacote da primeira-ministra conservadora Liz Truss pode ter efeitos colaterais graves para as finanças públicas do Reino Unido, à beira da recessão e com uma inflação de 10%, o maior nível em 40 anos.

Mas o ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, espera promover um alívio para as famílias e as empresas e "inverter o círculo vicioso da estagnação". "Durante a pior crise energética em gerações, este governo está ao lado da população", afirmou Kwarteng no Parlamento.

A principal medida do "mini-orçamento", como ele mesmo definiu, será o congelamento das contas de energia durante dois anos, gerando uma uma economia de quase £ 1 mil (cerca de R$ 5,8 mil) por ano para uma residência média.

No caso das empresas, o governo financiará quase metade das contas durante seis meses. Os preços do gás e da energia elétrica dispararam desde o início da guerra na Ucrânia, uma consequência das limitações no abastecimento de combustíveis procedentes da Rússia.

Cerca de R$ 345 bilhões

Kwarteng afirmou nesta sexta-feira que as ajudas energéticas anunciadas para os cidadãos e as empresas, no período de seis meses, custarão £ 60 bilhões (cerca de R$ 345 bilhões) para o orçamento governamental.

O ministro também anunciou o fim de um limite aos bônus para os executivos de bancos, de 200% do salário anual até o momento, e a redução do percentual máximo do imposto sobre os lucros, de 45% para 40%. "Precisamos que os bancos internacionais criem empregos aqui (...) e paguem impostos aqui em Londres, e não em Paris, Frankfurt ou Nova York", explicou, ao encerrar uma regra herdada do período em que Londres integrava a União Europeia.

No momento em que o mercado de trabalho britânico enfrenta uma escassez de mão de obra, o acesso à renda universal mínima ("universal credit") será acompanhado de condições para algumas pessoas que trabalham menos de 15 horas por semana.

As medidas podem incluir a "candidatura a um emprego ou participar de entrevistas de recrutamento", de acordo com o Ministério das Finanças, que deseja incentivar as pessoas com mais de 50 anos a retornar ao mercado de trabalho, do qual saíram desde a pandemia, em particular em consequência das doenças prolongadas.

"Para os mais ricos"

Kwasi Kwarteng também advertiu que o direito à greve terá uma regulamentação mais rígida e limitada aos casos em que as negociações salariais fracassarem, depois que o governo anterior autorizou a contratação de funcionários temporários para atenuar seu impacto.

O custo total do pacote de medidas não foi divulgado, mas economistas calculam em mais de £ 100 bilhões. O banco Barclays chegou a mencionar £ 200 bilhões. A própria Liz Truss reconheceu que a política de seu governo favorecerá sobretudo os mais ricos.

"Em vez de defender os trabalhadores, os conservadores protegem os lucros dos gigantes da energia, que foram beneficiados nos últimos meses com o aumento dos preços", acusou a secretária do Partido Trabalhista para as Finanças, Rachel Reeves. Reeves afirmou que as medidas para o setor de energia anunciadas pelos conservadores serão financiadas com endividamento público e, portanto, pelos contribuintes.

A ONG de luta contra a pobreza Oxfam destacou uma "política que é todo lucro para os mais ricos".

Após os anúncios, os investidores reagiram com vendas de títulos da dívida britânica, cuja taxa de rendimento a dez anos operava em alta de 3,84%, o maior nível desde 2011. A libra era negociada em sua menor cotação desde 1985, em queda de 2%, próxima de 1,10 por dólar.

(Com informações da AFP)

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