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'Funeral do Século': Elizabeth II recebe últimas homenagens na abadia de Westminster

Com um público estimado em nada menos do que 4 bilhões de telespectadores pelo mundo, foi homenageada pela última vez nesta segunda-feira (19) em Londres a monarca mais pop do planeta, Elizabeth II, que deixa no rastro de seu manto imperial uma história épica de 70 anos no trono, “a serviço do povo britânico e do Commonwealth”. Sua morte marca também o fim do mais longo matriarcado da monarquia britânica, na linhagem de sua avó, a Rainha Vitória.

O caixão da Rainha Elizabeth II deixa a Abadia de Westminster após a primeira cerimônia fúnebre em Londres, em 19 de setembro de 2022.
O caixão da Rainha Elizabeth II deixa a Abadia de Westminster após a primeira cerimônia fúnebre em Londres, em 19 de setembro de 2022. © AP/Dominic Lipinski
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Foi sob a arquitetura gótica de Westminster, onde se casou e se tornou rainha, que Elizabeth II foi saudada por 20 famílias reais e dezenas de chefes de Estado, capturando em pleno terceiro milênio, com símbolos medievais e cantos fúnebres de outros séculos, o imaginário de um planeta digital e ultraconectado. Entre os presidentes presentes, o francês Emmanuel Macron, o norte-americano Joe Biden (e seu mega esquema personalizado de segurança) e o brasileiro Jair Bolsonaro, todos acompanhados de suas esposas.

Mais uma proeza para a enorme lista dessa rainha que viu desfilar diversos primeiros-ministros e chefes de Estado, eras, revoluções e guerras. Pela primeira vez nesta segunda-feira (19) os britânicos não cantaram o hino à rainha, mas sua versão masculina, "God Save the King", em homenagem ao novo rei, Charles III.

Às 9h42 hora local (5h42 em Brasília), com a típica pontualidade britânica, o caixão, carregado por oito soldados da Guarda de Granadeiros, deixou Westminster Hall, onde durante cinco dias centenas de milhares de britânicos prestaram suas homenagens à soberana.

Em uma extremidade do edifício mais antigo do parlamento britânico, o caixão, coberto pelo padrão real e adornado com a coroa imperial, esfera e cetro real, passou sob um vitral erguido para celebrar o Jubileu de Platina da Rainha, que comemorou seu 70º ano no trono em junho passado. Em seguida, o caixão passou em frente a uma fonte erguida em 1977 para seu Jubileu de Prata. Tantos símbolos de um reinado de excepcional longevidade.

Atrás do caixão, a família real seguiu em procissão, liderada por Carlos III o novo rei, sua irmã Anne, a princesa real, e seus dois irmãos, Edward e Andrew, seguidos pelos príncipes William e Harry.

George e Charlotte

Os membros da realeza britânica se reuniram com suas esposas e maridos quando o caixão entrou na abadia. Os bisnetos da rainha, o príncipe George, 9, e a princesa Charlotte, 7, filhos do príncipe William e da agora Catherine de Wales (antiga Kate Middleton), acompanhados de seus pais, estavam na primeira fileira da homenagem.

Os sinos da abadia tocaram 96 vezes, uma vez por minuto, para marcar os 96 anos de vida do monarca.Quando a  plateia de 2.000 convidados se levantou dos bancos da abdia, incluindo várias centenas de líderes mundiais e da realeza, o coro entoou cânticos e sentenças, as mesmas proferidas em todos os funerais de estado desde o século XVIII.

O príncipe Edward e sua esposa Sophie, conhecida por ser muito próxima da monarca, enxugaram algumas lágrimas. "Nós nos reunimos de todo o país, os Estados da Commonwealth e de todos os países do mundo para lamentar nossa perda. Para lembrar sua longa vida de serviço abnegado", pontuou o deão de Westminster.

 "Voltaremos a nos encontrar" 

Seguiram-se canções e orações sob os arcos de Westminster, e, num sutil equilíbrio que marca tanto o poder político quanto religioso da soberana, a secretária-geral da Commonwealth, Patricia Scotland, e a primeira-ministra, Liz Truss, nomeada por Elizabeth II apenas dois dias antes de sua morte, leram passagens da Bíblia. Símbolos pertinentemente personificados por figuras femininas, numa dinastia que deve seguir masculina, a partir de agora, por pelo menos três gerações.

"Nossa falecida Majestade declarou em seu 21º aniversário que toda sua vida seria dedicada a servir à Nação e ao Commonwealth. Raramente tal promessa foi tão bem cumprida", disse em seu sermão o Arcebispo de Canterbury Justin Welby, líder espiritual da Igreja Anglicana.

Saudando a "alegria" e "sua presença" nos corações e na vida de tantas pessoas, ele concluiu o sermão com a frase "Nos encontraremos novamente", ecoando as palavras de uma famosa canção da Segunda Guerra Mundial de Vera Lynn, dita pela Rainha para confortar seus súditos confinados durante a pandemia de Covid-19.

A cerimônia, que durou cerca de uma hora, foi intercalada com homenagens a momentos importantes da vida da Rainha, como durante a execução do hino "O Senhor é meu pastor", cantado no casamento de Elizabeth II e do príncipe Philip em 1947, ou quando o coro ecoou um cântico composto para sua coroação.

Então dois minutos de silêncio foram observados por todo o Reino Unido, seguidos pelo hino nacional "God Save the King", agora em sua versão masculina, marcando a transição do reinado de Elizabeth II para o de Carlos III. Finalmente, o som das gaitas de foles do músico pessoal da rainha ressoou através da abadia. E o caixão deixou o milenar edifício ao som de Bach, novamente seguido em procissão pela família real.

Os bisnetos Charlotte e George se comportaram segundo o protocolo, mantendo a expressão solene da monarquia britânica. Mas eles não participam da procissão para o serviço privado em Windsor, onde a rainha será enterrada na privacidade da Capela de São Jorge, onde estão seus pais, sua irmã e seu marido.

(Com AFP)

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