“Pinchazo”: Criminosos atacam massivamente mulheres com injeções de drogas na Espanha
Nos últimos dias, uma avalanche de relatos e comentários sobre uma modalidade de tentativa de submissão química por injeção tomou conta da Espanha. O “pinchazo”, como tem sido chamado o tipo específico de agressão, está sendo denunciado por mulheres de diferentes partes do país e acontece da seguinte forma: a vítima é surpreendida por uma picada de agulha, que geralmente não vê de onde vem, e logo começa a apresentar sintomas de alteração física e/ou de consciência. Até então, não foi registrada nenhuma violação sexual posterior às injeções.
Publicado em:
Ana Beatriz Farias de Oliveira, correspondente da RFI na Espanha
No Twitter, se acumulam comentários de mulheres que dizem ter sofrido o ataque durante alguma atividade de lazer noturno. Em um dos casos, registrado em um fio que soma mais de 70 mil curtidas e uma quantidade superior a 30 mil replicações, a jovem Miriam Alba, de 20 anos, explica que estava em uma casa noturna de Barcelona quando sentiu uma picada na coxa. Em seguida, segundo o relato, ela pediu ajuda ao porteiro da discoteca, que a sentou em um sofá, onde, cerca de 10 minutos depois, começou a sentir sinais de perda de consciência.
Na publicação, Miriam, que foi levada ao hospital depois do ocorrido, anexou o informe médico relacionado ao caso, que aconteceu na última quarta-feira (27). De acordo com a jovem, a equipe responsável pelo atendimento não identificou que substância havia sido injetada em seu corpo.
Hoy en la discoteca arena classic me han pinchado en el muslo. En cuanto me he dado cuenta he ido corriendo al portero de la discoteca, el cual, ayudandome, me ha sentado en un sofá y a los 10 minutos me he desplomado, quedándome semi insconsciente y con una sensación
— Miriam Alba (@miriamalbalopez) July 27, 2022
Muitas outras denúncias
Assim como fez Miriam Alba, diversas outras mulheres (que constituem a maior parte das pessoas que sofreram os ataques) denunciaram ações violentas desse tipo nos últimos dias. Já são dezenas de casos, registrados em regiões como Catalunha, País Basco, Cantábria e Andaluzia, sendo investigados pelas autoridades de segurança da Espanha. Em um dos episódios, foi confirmada a presença de êxtase líquido no corpo da vítima. Em muitos outros, apesar de as vítimas serem submetidas a testes, não é detectada a existência de nenhuma substância estranha.
O fenômeno dos “pinchazos” começa a eclodir em território espanhol depois de fazer vítimas em outras partes da Europa, como Bélgica e Reino Unido. Na França, mais de 800 casos foram registrados. As pessoas que sofrem com a ação costumam relatar enjoo, vômito e, inclusive, perda de controle. Isso além de apresentar a marca da picada.
“Fenômeno novo”, diz governo espanhol
Nesta quarta-feira (3), a ministra da Justiça da Espanha, Pilar Llop, falou sobre o assunto, reconhecendo que se trata de um fenômeno que “ainda não se conhece bem”. Pilar recomendou que as vítimas deste tipo de agressão, classificada por ela como “fatos graves, de violência de gênero”, denunciem.
A ministra enfatizou, ainda, que os ataques são delitos de lesão que “poderiam ser delitos mais graves se conhecêssemos quais são as verdadeiras intenções” e disse que as atitudes “depravadas” estão expulsando as mulheres de lugares públicos. “Necessitamos saber exatamente quais são as motivações dos autores”, afirma Pilar, dizendo também que o governo está trabalhando para combater as ações violentas de maneira eficaz.
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