"Primeiro a Polônia e a Bulgária, e depois?": Europa teme impacto de corte do gás russo
O corte no fornecimento do gás russo pela gigante Gazprom a dois países da União Europeia é o destaque na imprensa francesa nesta quinta-feira (28). O temor é sobre as consequências que essa decisão de Moscou terá sobre o bloco econômico.
Publicado em:
"Primeiro a Polônia e a Bulgária, e depois?", pergunta o jornal Le Parisien. O diário destaca que a justificativa dada por Moscou é que o pagamento do gás não foi feito em rublos. Desde o início de abril, o presidente russo, Vladimir Putin, exige que os países europeus quitem as dívidas na moeda nacional - "uma decisão unilateral em reação às sanções anunciadas para punir a invasão russa na Ucrânia", escreve o diário.
Mas por que a Rússia resolveu mirar na Polônia e na Bulgária? Le Parisien explica que os dois países estão fortemente mobilizados na ajuda a Kiev, fornecendo armas aos soldados ucranianos e acolhendo milhões de refugiados.
O diário tenta antecipar quem poderia ser a próxima vítima das sanções da Rússia. A Itália, que tem uma onerosa fatura para pagar no final deste mês, pode ser a primeira da lista. Já a França, que importa cerca de 20% do gás russo, está menos exposta à "chantagem" de Moscou, avalia o jornal.
Frente europeia contra a Rússia
"Europeus se organizam e mantêm uma frente unida diante do Kremlim" é manchete do jornal Les Echos. Para o diário, os líderes europeus souberam responder com sangue-frio e determinação. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, garante que a Polônia e a Bulgária serão apoiadas pelos outros países do bloco, que trabalha há semanas com o cenário de uma interrupção total do fornecimento de gás pela Rússia.
Les Echos destaca que os países europeus preparam um sexto pacote de sanções em retaliação à Moscou. Além disso, no próximo mês de maio, Bruxelas deverá adotar um novo pacote para acelerar a transição energética, com o objetivo de diversificação e redução do consumo.
Para o jornal Le Figaro, punir a Polônia e a Bulgária foi a decisão mais dura tomada até agora pela Rússia contra a União Europeia, desde o início da guerra na Ucrânia. A matéria lembra que os dois países são extremamente dependentes do fornecimento da Gazprom. Varsóvia utiliza 50% do gás natural russo; Sofia mais de 80%.
Embora os países do bloco afirmem contar com uma reserva considerável do produto, Le Figaro não demonstra otimismo com a situação. Para o jornal, as soluções apresentadas até o momento por Bruxelas "estão longe de ser suficientes".
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro