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Ucrânia: forças russas tomam maior usina nuclear da Europa após provocar incêndio no local

O exército russo tomou nesta sexta-feira (4) a central nuclear de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia. O ataque teve início durante a madrugada, provocando um incêndio em um dos prédios da usina. 

Imagens das câmeras de segurança da usina nuclear de  Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, em 4 de março de 2022.
Imagens das câmeras de segurança da usina nuclear de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, em 4 de março de 2022. Zaporizhzhya NPP via REUTERS - Zaporizhzhya NPP
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Foi uma longa madrugada em Zaporizhzhia, a maior central nuclear da Europa, que fornece à Ucrânia um quinto de sua energia. A usina teria sido atingida por tiros de tanques russos, provocando um incêndio no local. As forças da Rússia impediram que bombeiros ucranianos tivessem inicialmente acesso à usina e o fogo só pôde ser controlado pelos serviços de emergência cerca de uma hora e meia depois.

Segundo Kiev, o prédio onde o incêndio foi registrado abriga salas de formação e um laboratório. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), citando autoridades locais, indicou que nenhum equipamento "essencial" foi atingido pelo fogo e os níveis de radioatividade não foram alterados. No Twitter, o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, se disse extremamente preocupado com a situação, fez um apelo em prol "do fim do uso da força" e advertiu que se os reatores forem afetados haverá "um grave perigo". 

No início desta manhã, o chefe da administração militar da região de Zaporizhzhia, Oleksandre Staroukh, afirmou no Facebook que o ataque não deixou nenhuma vítima. "A segurança nuclear está agora garantida", publicou.

Terror nuclear

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criticou a ação das tropas russas na usina. "Esses tanques são equipados com detectores térmicos, então eles [militares russos] sabem o que fazem, se prepararam para isso", afirmou em um vídeo divulgado nesta manhã.

Zelensky chamou Moscou de "terrorista", acusou o governo russo de recorrer ao "terror nuclear" e de querer repetir a tragédia de Chernobyl, em 1986, o acidente nuclear mais grave já registrado até hoje. "Alertamos o mundo inteiro que nenhum outro país além da Rússia jamais atirou contra centrais nucleares. Essa é a primeira vez na nossa história, a primeira vez na história da humanidade."

No último 24 de fevereiro, primeiro dia da ofensiva russa na Ucrânia, combates já haviam sido registrados perto da antiga usina de Chernobyl. As forças russas também conseguiram tomar essa central. 

O líder ucraniano alertou para as consequências das ações do exército russo. "A Ucrânia tem 15 reatores nucleares. Se houver uma explosão, é o fim de tudo. O fim da Europa. É a evacuação da Europa", acrescentou.

Zelensky também fez um apelo em prol da reação dos líderes europeus. "Por favor, acordem. Só uma ação europeia imediata pode deter as tropas russas. Devemos evitar que a Europa morra de um desastre nuclear", insistiu o presidente ucraniano.

"Centenas de milhares de pessoas sofreram as consequências [de Chernobyl], dezenas de milhares foram evacuadas. A Rússia quer repetir isso", enfatizou Zelensky.

Joe Biden e Boris Johnson reagem

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foi o primeiro líder ocidental a reagir sobre o incêndio em Zaporizhzhia. Ele denunciou uma atitude "inconsequente" do presidente russo, Vladimir Putin, que "ameaça a segurança em toda a Europa". 

Mais cedo, o premiê conversou com Zelensky sobre o ataque à central nuclear. "Ele declarou que o Reino Unido faria o possível para garantir que a situação não se degrade ainda mais", indicou o escritório de Johnson. 

O presidente americano, Joe Biden, também conversou com o presidente ucraniano por telefone. Logo depois, o líder democrata, que não poupa críticas a Putin, pediu que Moscou "cesse as atividades militares" na região de Zaporizhzhia. 

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chegou na noite de quinta-feira (3) em Bruxelas para reuniões com representantes da Otan e da União Europeia. Depois Blinken viajará à Polônia, aos países bálticos e à Moldávia, que teme ser o próximo alvo de Moscou. O país anunciou ter oficializado sua candidatura para integrar a União Europeia, bem como a Geórgia, seguindo os passos da Ucrânia.

(Com informações da AFP)

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