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Ucrânia promete desmantelar grupos pró-Rússia após acusação de ministra britânica

Em um comunicado publicado neste domingo (23), a presidência ucraniana afirmou que vai desmantelar todos os grupos pró-Rússia no país que possam estar conspirando para desestabilizar a Ucrânia ou sejam cúmplices de eventuais invasores. A Rússia concentra dezenas de milhares de soldados na fronteira ucraniana e pode estar preparando um ataque, temem as potências ocidentais.

Um instrutor treina membros das Forças de Defesa Territoriais da Ucrânia, unidades militares voluntárias das Forças Armadas, em um parque da cidade em Kiev, Ucrânia. Em 22 de  janeiro de 2022.
Um instrutor treina membros das Forças de Defesa Territoriais da Ucrânia, unidades militares voluntárias das Forças Armadas, em um parque da cidade em Kiev, Ucrânia. Em 22 de janeiro de 2022. AP - Efrem Lukatsky
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As reações ocorrem após o Reino Unido ter afirmado ter "informações confiáveis" sobre manobras do governo russo para "colocar um pró-russo no poder em Kiev". 

De acordo com um comunicado da chancelaria britânica, os serviços de inteligência russos entraram em contato com vários políticos ucranianos e "o ex-deputado Ievguêni Muraiev é considerado um líder em potencial" da ex-república soviética, "embora não seja o único". Os serviços de inteligência russos mantêm "ligações com muitos ex-políticos ucranianos", salientaram os britânicos.

Em reação à polêmica, Muraiev pediu o fim "da divisão entre pró-russos e pró-ocidentais" e enfatizou que seu país precisa de "novos líderes políticos" guiados pelos "interesses nacionais da Ucrânia e do povo ucraniano".

A ministra das Relações Exteriores britânica, Liz Truss, acusou neste sábado a Rússia de tentar “impor um líder pró-russo em Kiev” e “considerar a ocupação” da Ucrânia. Para Moscou, as acusações são “absurdas”. Os Estados Unidos demonstraram preocupação após as declarações da representante britânica. “O povo ucraniano tem o direito soberano de determinar seu próprio futuro, e estamos com nossos parceiros democraticamente eleitos na Ucrânia”, disse Emily Horne, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

Paralelamente, um encontro bilateral entre o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e o seu colega britânico, Ben Wallace, o primeiro desde 2013, deve acontecer em breve e visa "explorar todos os caminhos para alcançar a estabilidade e uma solução para a crise ucraniana", disse uma fonte do Ministério da Defesa britânico, no sábado.

O governo ucraniano também demonstrou irritação com a Alemanha, após as declarações do chefe da Marinha alemã, o vice-almirante Kay-Achim Schönbach. Ele classificou como "absurda" a ideia de que a Rússia possa invadir a Ucrânia. A polêmica suscitou sua demissão, na noite de sábado (22).

O vice-almirante alemão Kay-Achim Schönbach chamou de tolice a hipótese de a Rússia invadir a Ucrânia. Para o militar,  Vladimir Putin só queria ser respeitado.
O vice-almirante alemão Kay-Achim Schönbach chamou de tolice a hipótese de a Rússia invadir a Ucrânia. Para o militar, Vladimir Putin só queria ser respeitado. AP - Eugene Hoshiko

Rússia nega que prepara invasão

O Ministério das Relações Exteriores russo pediu ao Reino Unido que "pare de espalhar absurdos" e "acabe com as suas provocações estúpidas (...), muito perigosas na situação atual". 

Acusado pelo Ocidente de ter posicionado dezenas de milhares de soldados na fronteira ucraniana para preparar um ataque, o Kremlin nega suas intenções bélicas. Porém, Moscou vincula a redução da escalada de violência a tratados que garantam, em particular, a não expansão da OTAN.

A exigência é inaceitável, respondem os ocidentais, que ameaçam a Rússia com severas sanções em caso de ataque. Apesar das posições inconciliáveis ​​no momento, após várias semanas de escalada verbal, o encontro em Genebra entre os chefes da diplomacia russa e americana, Sergei Lavrov e Antony Blinken, deram início a um diálogo mais aberto.

Os dois concordaram, na sexta-feira (21) em continuar as conversas "francas" na semana que se inicia, dando esperança ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, de que uma invasão da Ucrânia ou uma incursão militar em seu território "não acontecerá."

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, cumprimenta o vice-primeiro-ministro das  Relações Exteriores, Dmytro Senik, em 19 janeiro de 2022, em Kiev
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, cumprimenta o vice-primeiro-ministro das Relações Exteriores, Dmytro Senik, em 19 janeiro de 2022, em Kiev Alex Brandon Pool/AFP

França pede que UE dialogue com a Rússia

A França pediu neste domingo (23) que a União Europeia dialogue dretamente com a Rússia sobre a "arquitetura da segurança na Europa". A declaração foi dada neste domingo pelo secretário de Estado francês das Relações Exteriores, Clément Beaune. "Como membro da União Europeia, precisamos ter propostas, um diálogo organizado e regular com a Rússia, mantendo a firmeza", declarou.

De acordo com ele, o presidente russo, Vladimir Puti,n privilegia as discussões com os Estados Unidos, porque essa postura "lembra o tempo da Guerra Fria e do choque das superpotências" e, potencialmente, enfraquece a Europa. "O que devemos fazer é continuarmos unidos como ocidentais e continuarmos presentes como europeus. Será que a União Europeia age o suficiente? Hoje, provavelmente não", estimou.

O secretário francês das Relações Exteriores, Clément Beaune, nos estádios da RFI/France 24.
O secretário francês das Relações Exteriores, Clément Beaune, nos estádios da RFI/France 24. © Dominique Baillard/RFI

Papa se diz "preocupado"

Neste domingo (23), durante a tradicional missa na praça de São Pedro, no Vaticano, o papa Francisco disse que está acompanhando "com preocupação" as crescentes tensões na Ucrânia. De acordo com o pontífice, elas colocam em questão a segurança do continente europeu. O papa pediu um dia de oração pela paz, na próxima quarta-feira (26).

(Com informações da AFP)

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