Acessar o conteúdo principal

Sob protestos, Glasgow recebe COP26, a "última chance para salvar o planeta"

A Conferência das Nações Unidas para o Clima, a COP26, adiada por um ano e meio por conta da pandemia, é considerada como a "última chance para salvar o planeta dos efeitos desastrosos provocados pelas mudanças climáticas", alerta a ONU. Centenas de ativistas estão na cidade escocesa de Glasgow para pressionar os líderes mundiais a colocarem em prática as metas para diminuir as emissões de gases poluentes. 

Delegados preparam abertura da COP26 neste domingo (31), na cidade escocesa de Glasgow.
Delegados preparam abertura da COP26 neste domingo (31), na cidade escocesa de Glasgow. AFP - DANIEL LEAL-OLIVAS
Publicidade

Muitos manifestantes caminharam dezenas ou mesmo milhares de quilômetros até Glasgow, dando início aos protestos que antecedem a conferência do clima da ONU, que acontece até 12 de novembro. 

No final da tarde deste sábado (30), a ativista sueca Greta Thunberg, de 18 anos, chegou de trem a Glasgow, após participar na véspera de uma ação, em Londres, com outros jovens ambientalistas contra o papel das instituições financeiras na crise climática. Diante das câmeras, a líder do movimento Fridays for Future preferiu não fazer declarações, mas escreveu no Twitter: "Finalmente cheguei a Glasgow para a #COP26! Muito obrigada por esta recepção calorosa."

Ativistas da Espanha, Bélgica e Escócia marcharam pelo centro da cidade sob gritos como "ação já", "ações, não palavras" e "chega de combustíveis fósseis", liderados pelo grupo Extinction Rebellion.

De acordo com os organizadores, até 100 mil pessoas devem comparecer a uma grande manifestação na próxima sexta-feira (5). Segundo a polícia escocesa, cerca de 10 mil policiais de todo o Reino Unido serão destacados todos os dias durante a COP26, o que representa a maior operação policial já realizada na Escócia.

A ativista Greta Thunberg chega à Glasgow para participar da COP26
A ativista Greta Thunberg chega à Glasgow para participar da COP26 AP - Alastair Grant

Negociações

O objetivo de manter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC é essencial para proteger o planeta de efeitos catastróficos, mas a obtenção de um consenso entre as nações poluidoras para atingir essa meta continua sendo um desafio: os esforços diplomáticos devem compensar as promessas e ações insuficientes que caracterizam a maior parte da política climática mundial. 

A reunião deve permitir a obtenção de um compromisso mais ambicioso para reduzir as emissões, destinar bilhões de dólares para financiar o clima, finalizar as regras para a implantação do Acordo de Paris, obtendo o consentimento unânime dos 200 países signatários.

A conferência climática COP26 é "a última e a melhor esperança" de limitar o aquecimento global a +1,5ºC, o objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris, declarou seu presidente, Alok Sharma, em sua abertura neste domingo (31).

Durante a pandemia de Covid-19, "a mudança climática não tirou férias. Todas as luzes estão vermelhas no painel climático", acrescentou. "Se agirmos agora e juntos, podemos proteger nosso precioso planeta", ressaltou.

"A humanidade enfrenta escolhas difíceis, mas claras", disse Patricia Espinosa, responsável da ONU para o clima."Podemos escolher reconhecer que continuar com as coisas como estão não vale o preço devastador que teremos que pagar e fazer a transição necessária, ou podemos concordar em participar de nossa própria extinção", alertou.

Acordo no G20

Neste domingo (31), os países do G20 chegaram a um acordo sobre a meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais. Os negociadores concordaram com este nível, que é superior ao Acordo de Paris de 2015, que preconizava manter o aquecimento abaixo de 2ºC e, na medida do possível, 1,5ºC.

"Sejamos claros: há um sério risco que a conferência em Glasgow não cumpra suas promessas", declarou na semana passada o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterrres, aos dirigentes dos países do G20. "Os compromissos recentes são claros e críveis e levantam sérias questões, mas nós continuamos caminhando para uma catástrofe natural", declarou.

O engajamento atual dos países geraria um aumento da temperatura média da Terra em 2,7ºC neste século. De acordo com as Nações Unidas, esse aumento deve agravar a destruição provocada pelas mudanças climáticas, intensificar as tempestades, expor mais a população às ondas de calor e enchentes mortais, e acelerar a destruição de recifes de corais de habitats naturais. 

Ativistas protestam em frente a prédio onde acontecerá a COP26
Ativistas protestam em frente a prédio onde acontecerá a COP26 AP - Scott Heppell

Retorno dos EUA

A COP26 marca o retorno dos Estados Unidos às negociações - o ex-presidente Donald Trump havia se retirado das discussões. Mas, como vários outros líderes mundiais, o atual chefe de Estado americano, Joe Biden, chegará à conferência de Glasgow sem propostas concretas para proteger o clima e manter as promessas.

Os chefes de Estado e de governo do G20, reunidos em Roma neste fim de semana, declararam a intenção de limitar o aquecimento do planeta a 1,5ºC, sem assumir compromissos claros. Os países que integram o G20, incluindo Brasil, China, Índia, Alemanha e Estados Unidos, são responsáveis por cerca de 80% das emissões de gases poluentes mundiais, mas as esperanças de que a cúpula em Roma pudesse gerar um acordo em Glasgow diminuíram.

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.