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Preço do gás bate novos recordes e preocupa mercados europeus antes do inverno

Os preços do gás continuam subindo na Europa em meio à crise energética global e em um cenário de tensões com Moscou sobre as entregas do combustível. Bruxelas avalia um pacote de medidas e reformas para o setor.

Engenheiros da empresa húngara de transporte de gás natural FGSZ viram válvulas em um gasoduto em Vecses, perto de Budapeste.
Engenheiros da empresa húngara de transporte de gás natural FGSZ viram válvulas em um gasoduto em Vecses, perto de Budapeste. ASSOCIATED PRESS - Bela Szandelszky
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O preço do gás bateu novos recordes nesta quarta-feira (6), subindo 25% nos mercados europeus diante da demanda que continua a aumentar antes do inverno, juntamente com uma oferta restrita e estoques reduzidos.

“O atual aumento dos preços da energia na Europa é verdadeiramente único”, reagiram analistas do grupo francês Societé Génerale: “nunca antes os preços da energia subiram tão alto e tão rapidamente”.

Diante do medo de ver as contas de energia prejudicarem a recuperação econômica no bloco, Bruxelas deve propor um arsenal de medidas temporárias na próxima quarta-feira (13).

O preço de referência do gás no continente, o TTF holandês, subiu para € 162,12 no início do pregão europeu nesta quarta-feira (6), um recorde, enquanto o preço do gás britânico para entrega no próximo mês atingiu 407,82 pence por term (unidade de calor). O nível de preços autal é oito vezes maior do que há apenas seis meses.

Alguns líderes europeus e norte-americanos acusam Moscou de não ter liberado o suficiente o aprovisionamento de gás para obter a autorização o mais rápido possível para seu polêmico gasoduto para a Alemanha, o Nord Stream 2, já concluído e cujo preenchimento foi iniciado.

O gasoduto despertou a ira da Ucrânia, porque contornou o país e o fará perder grandes somas de dinheiro pelo trânsito do gás russo em seu território.

Nesta quarta-feira, porém, Vladimir Putin pediu à gigante russa Gazprom que honre seus contratos de trânsito com Kiev. "A Gazprom pensa que seria mais economicamente apropriado e mais lucrativo pagar uma multa à Ucrânia e aumentar o volume de gás bombeado pelos novos sistemas, mas peço-lhes que não o façam", afirmou.

Ele argumenta que Kiev não deveria estar "em uma posição difícil" e ofuscou a reputação da Gazprom "como um parceiro absolutamente confiável". Enquanto isso, a Gazprom diz que sua produção de gás em 2021 deve ultrapassar 510 bilhões de metros cúbicos, um nível nunca visto em uma década, lembra a agência russa RIA.

Segundo a agência, Vitali Markelov, vice-presidente do conselho de administração, teria indicado à margem de uma cúpula do gás em São Petersburgo nesta quarta-feira que o grupo esperava um inverno "frio" e "bom para a Gazprom".

O aumento dos preços corre o risco de atingir o bolso dos consumidores europeus.

"Erros dos europeus"

O presidente russo, Vladimir Putin, considerou nesta quarta-feira a Europa responsável pela crise do gás, por não terem concluído contratos de entrega de longo prazo suficientes com Moscou, promovendo assim o aumento recorde dos preços.

“A política deles era rescindir os contratos de longo prazo e essa política acabou se revelando errada”, disse ele em uma reunião com autoridades do setor de energia russo: “eles cometeram erros”.

“Como resultado, o preço do gás já bateu todos os recordes históricos e hoje está se aproximando de US $ 2.000 por mil metros cúbicos, mais de dez vezes o preço médio do ano passado”, acrescentou o presidente russo.

A Europa, com cerca de um terço de suas necessidades de gás atendidas por Moscou, há anos afirma sua intenção de diversificar suas fontes de abastecimento, mas sem grandes resultados.

De acordo com Vladimir Putin, os europeus começaram a confiar mais nas compras de pacotes de gás do que nas compras de longo prazo.

Referindo-se a essas vendas paralelas usadas para complementar contratos de longo prazo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse anteriormente que eles "não foram capazes de preencher a lacuna existente", indicando que a Rússia estava "pronta para falar sobre novos contratos de longo prazo".

Com informações da AFP

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