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Passaporte sanitário: uma boa medida para a saúde financeira?

Após muita polêmica, manifestações e uma verdadeira maratona parlamentar, a adoção do passaporte sanitário na França foi aprovada neste domingo (25). Assim que for ratificada, a lei exigirá que cada um seja vacinado ou tenha um teste negativo para Covid-19 para entrar em locais de lazer, restaurantes ou bares. Mas os efeitos da medida sanitária também podem acabar sendo sentidos pela economia.

Efeitos da adoção do passaporte sanitário também podem acabar sendo sentidos na economia.
Efeitos da adoção do passaporte sanitário também podem acabar sendo sentidos na economia. AFP - PASCAL POCHARD-CASABIANCA
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Por Pauline Gleize

O passaporte sanitário é apresentado como uma aposta em um retorno às aulas mais seguro (que acontece em setembro na França), e a esperança de não ter que estabelecer novos confinamentos, o que seria desferir um novo golpe brutal na economia, ainda que a adoção do passe signifique penalizar a atividade turística e o setor de lazer, em plenas férias de verão na Europa, período-chave para esses serviços. A decisão pode, então, levar a impactos controversos.

Estruturas maiores, como parques de diversões, estão tentando se adaptar. O parque temático Puy-du-Fou, na região de Pays de la Loire, no oeste da França, se organizou com urgência para oferecer testes aos visitantes, assim como o Parque Asterix, ao norte da capital. 

Mas o desafio logístico e a aceitação de um teste para os clientes certamente não serão os mesmos para todas as atividades. Os cinemas que já implementaram a obrigatoriedade do passaporte de saúde revelam seus efeitos negativos. Pelo menos nos lucros. Quando entrou em vigor para os locais de cultura e lazer, as vendas de ingressos caíram 70% em relação ao dia anterior. A redução representa um déficit de € 3 a 4 milhões no faturamento só daquele dia. A Federação Nacional das Editoras de Cinema, que não se opõe ao passaporte sanitário, solicitou ajuda ao governo.

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Já o impacto para restaurantes, bares e hotéis é mais incerto. O setor também é diversificado. Alguns consideram essa situação menos prejudicial do que voltar a fechar as portas ou retornar às restrições de público. O que não evita preocupações. Um representante do GNI, um conglomerado da indústria hoteleira e de restaurantes, estima que a medida pode levar a uma perda de 30% a 50% do faturamento, dependendo da região.

Obviamente, isso dependerá também dos segmentos de negócios de cada um. Alguns profissionais são menos pessimistas. A plataforma de hospedagens Weekendesk registrou um pico de cancelamentos e modificações após o discurso de Emmanuel Macron em meados de julho, mas retomou rapidamente a demanda e as reservas começaram a subir novamente. No entanto, o comportamento dos clientes está mudando. Com as incertezas em tempos de pandemia, agora são as ofertas de última hora as mais procuradas no site.

O fato é que um impacto social também pode ser esperado com o passaporte sanitário. Não haverá mais demissão para quem não respeitar a obrigação de vacinação para algumas profissão. Por outro lado, em uma comissão mista, deputados e senadores concordaram com uma sanção: a suspensão dos contratos de trabalho e, por consequência, dos salários. Esta disposição, como todas as outras, ainda deve passar pelo filtro do Conselho Constitucional.

“Green pass” anunciado na Itália

Mas o passe de saúde não é nenhum “croissant”, quer dizer, está longe de ser considerado uma especialidade francesa, já sendo aplicado – ou está em discussão – em outras partes do mundo, e de diversas maneiras.

O assunto também está no centro dos debates na Itália, por exemplo. O governo italiano planeja colocar o que eles chamam de “green pass” (passaporte verde) em vigor a partir de 6 de agosto. A Confesercenti, que reúne PMEs dos setores de comércio, turismo e serviços, prefere o passe do que os fechamentos, mas alerta que isso pode representar perdas de € 1,5 bilhão em faturamento, sendo € 300 milhões apenas para bares e restaurantes.

O efeito sobre a economia italiana pode ser bem diferente em comparação com a da França. Roma deverá emitir "passes verdes" mesmo para aqueles que só receberam uma dose da vacina. Ao mesmo tempo, o governo quer reduzir o preço dos testes antigênicos até setembro. Mas, sem a vacina, a conta do restaurante ainda poderia ser “bem mais salgada”.

Mais ao norte, a Dinamarca introduziu seu “coronapass”. No entanto, é difícil fazer projeções a partir deste exemplo. Copenhague o introduziu quando bares, restaurantes e outros locais sociais haviam reaberto.

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