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Com volta do turismo, manifestantes protestam contra retorno de cruzeiros em Veneza

Depois de 17 meses de interrupção por causa da pandemia de coronavírus, um primeiro navio de cruzeiro voltou a funcionar em Veneza neste sábado (5), provocando protestos de opositores à presença das imensas embarcações na famosa laguna italiana. O país projeta uma alta de 20% do turismo neste verão, na comparação com o ano passado, graças ao avanço da vacinação e o recuo da Covid-19.

quando um enorme MSC Orchestra desancorou ao largo da praça São Marco, manifestantes transitaram em volta a bordo pequenos barcos a motor e com faixas dizendo “Não aos cruzeiros”.
quando um enorme MSC Orchestra desancorou ao largo da praça São Marco, manifestantes transitaram em volta a bordo pequenos barcos a motor e com faixas dizendo “Não aos cruzeiros”. AFP - MARCO SABADIN
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Em Veneza, quando um enorme MSC Orchestra desancorou ao largo da praça São Marco, manifestantes transitaram em volta a bordo pequenos barcos a motor e com faixas dizendo “Não aos cruzeiros”, enquanto defensores do turismo de massa também se posicionaram, a favor dos navios. O tema provoca polêmica há anos na cidade.

Os protetores do meio ambiente e da herança histórica veneziana alertam que as grandes ondas causadas pelo trânsito dos cruzeiros – que podem avançar centenas e metros e atingir alturas equivalentes às de um prédio de vários andares –, danifica as fundações dos imóveis da cidade, patrimônio mundial da humanidade da Unesco e uma das mais visitadas do mundo. A navegação também ameaça o frágil ecossistema da laguna, asseguram ambientalistas.

Do outro lado, a indústria turística se beneficia da presença dos cruzeiros, que emprega direta ou indiretamente milhares de pessoas. A economia de Veneza depende essencialmente do turismo, atingido em cheio pela pandemia.

Carta de artistas

Por conta da beleza e notoriedade da cidade, o debate suscita paixões além das fronteiras italianas. Nesta semana, artistas internacionais como Mick Jagger, Wes Anderson, Francis Ford Coppola e Tilda Swinton, assinaram uma carta endereçada ao presidente da Itália, Sergio Mattarella, e ao primeiro-ministro Mario Draghi para pedir o fim definitivo dos cruzeiros em Veneza, a fim de preservá-la.

O MSC Orchestra chegou vazio na cidade na quinta-feira, vindo de Atenas, e partiu neste sábado com 650 pessoas a bordo. Todas tiveram de apresentar um teste negativo de Covid-19 feito há menos de quatro dias e se submeter a um novo exame ao embarcarem. Os turistas deverão obedecer a rígidas normas sanitárias, para evitar que os navios não voltem a se transformar em focos de contaminação por coronavírus nesta alta temporada europeia, como já foi o caso anteriormente.

O cruzeiro fará paradas em Bari (sul da Itália), Corfu, Mykonos (Grécia) e Dubrovnik (Croácia). No total, poderá receber no máximo a metade da sua capacidade total de passageiros, de 3 mil pessoas, em respeito às medidas contra o coronavírus.

Expectativa de retomada

Neste sábado, a Federação Italiana de Turismo anunciou que espera uma alta de 20% do turismo neste verão, na comparação com o ano passado, em meio a uma situação sanitária em constante melhora desde abril e à queda progressiva das restrições contra a Covid-19, como toque de recolher e proibições de deslocamentos.

“A estação do verão 2021 dá os primeiros sinais de retomada do turismo: entre junho e agosto, prevemos 33 milhões de chegadas e 140 milhões de hospedagens nas estruturas oficiais do país, um aumento de 20,8% em relação a 2020, e uma receita global de 12,8 milhões de euros”, detalhou a entidade, em um comunicado.

“Essa retomada não bastará, entretanto, para voltarmos aos níveis pré-Covid: o verão de 2019 tinha registrado 73,5 milhões de presenças a mais”, ressalta a federação, ao apresentar os números baseados em uma pesquisa junto a 2.185 empresas do setor.

Turismo nacional lidera

Antes da pandemia, o turismo pesava quase 14% do PIB da terceira maior economia da zona do euro. A queda brusca do número de visitantes levou a Itália a sofrer a maior recessão desde a Segunda Guerra Mundial, chegando a -8,9%.

Apesar da volta das viagens dentro da União Europeia, o turismo local permanecerá o foco neste ano – 74% das receitas devem vir de turistas italianos. A península deve receber 6,7 milhões de turistas estrangeiros neste verão (alta de 24,1%), mas este número será cerca de 65,8 milhões a menos do que em 2019, quando a barreira de 100 milhões de visitantes tinha sido ultrapassada.

“Depois de 12 meses terríveis, o turismo italiano vê, finalmente, sinais concretos de retomada, mas ainda é uma retomada lenta”, disse o presidente da federação, Vittorio Messina, citado no comunicado.

Com informações da AFP

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