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Belarus: oposição e europeus criticam entrevista à força de jornalista dissidente preso em voo

Líderes europeus criticam nesta sexta-feira (4) uma entrevista do jornalista de oposição de Belarus Roman Protassevitch, divulgada na véspera pela televisão estatal bielorrussa. A líder opositora exilada Svetlana Tikhanovskaïa e as diplomacias britânica e alemã denunciam que Protassevitch, preso pelas autoridades do seu país, parece ter sido obrigado a conceder a entrevista.

Roman Protassevitch “admite" ter ajudado a convocar manifestações contra o governo no ano passado e faz elogios ao presidente Alexandre Lukachenko.
Roman Protassevitch “admite" ter ajudado a convocar manifestações contra o governo no ano passado e faz elogios ao presidente Alexandre Lukachenko. © Capture écran
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Nas imagens, o repórter de 26 anos se mostra desconfortável. Ele “admite" ter ajudado a convocar manifestações contra o governo no ano passado e faz elogios ao presidente Alexandre Lukachenko. Ao final de uma hora e meia de conversa, Protassevitch começa a chorar e tapa o rosto com as mãos, quando exibe marcas de algemas nos pulsos.

Em 23 de maio passado, a presença do jornalista em um avião da Ryanair que sobrevoava o espaço aéreo bielorrusso, em 23 de maio, levou as autoridades do país a obrigarem a aeronave a aterrissar, num episódio que causou uma crise diplomática entre a União Europeia, o Reino Unido e o país ex-soviético. Ao pousar, o repórter opositor ao regime bielorrusso e sua companheira, Sofia Sapega, foram imediatamente retirados do avião e presos.

Pai está preocupado

Protassevitch é cofundador e ex-redator-chefe do canal de oposição Nexta, no Telegram.

A líder opositora bielorrussa Svetlana Tikhanovskaïa, que enfrentou Lukachenko nas urnas e vive exilada na Lituânia, afirmou que a entrevista publicada nesta quinta-feira foi feita “sob pressão”.

“Todos os vídeos deste tipo são filmados sob pressão. Não devemos nem prestar atenção às suas palavras, porque foram ditas sob tortura. A função dos prisioneiros políticos é sobreviver”, disse ela a jornalistas, em Varsóvia.

Convidado a comentar a entrevista, o pai do repórter, Dmitry Protassevitch, disse que  o vídeo era resultado de “abusos, torturas e ameaças”. “Eu conheço muito bem meu filho e acho que ele jamais diria essas coisas”, garantiu. “Eles o forçaram a dizer o que eles queriam. Estou muito preocupado”, acrescentou o pai.

Europeus denunciam “coerção”: “é uma vergonha”

O ministro britânico das Relações Exteriores, Dominic Raab, classificou as imagens da entrevista como “perturbadoras”. “As pessoas envolvidas nesta gravação, na coerção e na realização desta entrevista devem ser responsabilizadas”,  declarou o chanceler. “A perseguição daqueles que defendem os direitos humanos e a liberdade de imprensa em Belarus deve cessar.”

O tom da Alemanha foi ainda mais duro. “Essa entrevista-confissão é uma vergonha para a emissora que a divulgou e para os dirigentes bielorrussos, que mostram, mais uma vez, o seu desprezo total pela democracia e, é preciso dizer, pelos seres humanos”, declarou o porta-voz do governo, Steffen Seibert, durante uma coletiva de imprensa em Berlim. “Estamos com este jovem e todos os outros cidadãos de Belarus, que são tratados de maneira tão desumana por suas convicções, por lutarem pacificamente por seus direitos civis”, ressaltou.

O governo de Minsk acusa o jornalista de ter organizado tumultos em massa no país, um crime que pode resultar em uma pena de 15 anos de prisão.

(Com informações da AFP)

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