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Alemanha reconhece ter cometido um genocídio na Namíbia durante período colonial

Berlim reconheceu, pela primeira vez, ter cometido um "genocídio" na Namíbia contra as etnias Herero e Namas, durante o período colonial, entre 1884 e 1915. A declaração, feita nesta sexta-feira (28), é fruto de longas negociações entre os dois países.

Um crânio de uma vítima do genocídio na Namíbia, exposto em uma cerimônia em Berlim, em 2018.
Um crânio de uma vítima do genocídio na Namíbia, exposto em uma cerimônia em Berlim, em 2018. REUTERS - CHRISTIAN MANG
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Pascal Thibaut, correspondente da RFI em Berlim

Com o reconhecimento, a Alemanha se destaca de outros países colonizadores, que resistem a admitir seus erros e, muitas vezes, crimes. Mas, para que Berlim se pronunciasse, foram necessários cinco anos de complexos diálogos para que os dois países pudessem chegar a um acordo. 

"Classificaremos agora oficialmente esses incidentes pelo que eles são: um genocídio", declarou o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas. "Vamos pedir perdão à Namíbia pelas atrocidades cometidas", reiterou.

O governo da Namíbia também reagiu, classificando a iniciativa de Berlim como "um passo na boa direção". "É a base da segunda etapa, que consiste em apresentar desculpas, seguidas de reparações", afirmou o porta-voz da presidência namibiana, Alfredo Hengari. 

Segundo ele, o presidente Hage Geingob organizará, nas próximas semanas, reuniões com representantes das etnias Hereros e Namas sobre "as modalidades colocadas em prática do que foi estabelecido com a Alemanha". 

Potência colonial nos final dos anos 1800, a Alemanha reprimiu violentamente revoltas destas duas comunidades entre 1904 e 1908, com massacres em massa e campos de concentração. Cerca de 100 mil pessoas foram vítimas deste que é considerado o primeiro genocídio do século 20. Atualmente, as tribos Hereros e Namas representam cerca de 7% da população do país, contra 40% antes das atrocidades.

Programa de mais de € 1 bilhão 

Os crimes cometidos durante a época colonial prejudicaram as relações entre os dois países durante décadas. O pedido oficial de perdão, que poderá ser feito em breve pelo presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, diante do Parlamento da Namíbia, deve apaziguar as tensões. 

Oficialmente, o reconhecimento do genocídio não abre o caminho para indenizações ou compensações. No entanto, o acordo estabelecido entre os dois países determina que € 1,1 bilhão será repassado durante 30 anos para apoiar projetos de infraestrutura benéficos às populações Herero e Nama. 

O compromisso ainda deve ser ratificado pelos parlamentos dos dois países. A previsão é que ele seja concluído antes das eleições legislativas alemãs, no próximo mês de setembro. 

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