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Alemanha e França devem receber 400 migrantes do campo de refugiados que pegou fogo na Grécia

Dois incêndios sucessivos devastaram quase todo o campo de refugiados de Moria, o maior da Europa. Atualmente, parte dos mais de 12.000 requerentes de asilo que estavam alojados neste acampamento na ilha grega de Lesbos, em condições insalubres, estão sem abrigo. França e Alemanha lançaram nesta quinta-feira (10) um plano para receber 400 menores de idade vítimas dessa tragédia.

França e Alemanha devem receber os migrantes menores de idade que se encontravam no campo grego de Moria.
França e Alemanha devem receber os migrantes menores de idade que se encontravam no campo grego de Moria. © AP Photo/Petros Giannakouris
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Uma balsa chegou à ilha de Lesbos nesta quinta-feira para acomodar 1.000 pessoas e dois navios militares ainda eram esperados.

“Vamos tomar, a partir de hoje, as medidas necessárias para abrigar famílias e os mais vulneráveis, enquanto continuaremos a distribuir alimentos", disse Stelios Petsas, porta-voz do governo grego. As autoridades gregas também enviaram 19.000 testes para detectar possíveis portadores de covid-19 entre os migrantes.

Nesta quinta, novos focos de incêndio atingiram o local que já havia sido devastado pelas chamas na madrugada da quarta-feira (9). O fogo no acampamento superlotado foi iniciado por migrantes insatisfeitos contra as medidas de isolamento para evitar a propagação do coronavírus no local, onde 35 casos de Covid-19 foram diagnosticados.

Vítimas do fogo e da crise migratória

Parte dos 400 menores desacompanhados começaram a ser transferidos para a cidade de Salónica, no norte da Grécia, enquanto centenas de migrantes continuam espalhados nas ruas e ao longo da estrada que leva a Mitilene, a capital da ilha, muitas vezes na miséria quase total.

É o caso de Ada, entrevistada pela RFI quando estava deitada na beira da estrada que vai de Moria a Mitilene, protegida à sombra de um muro baixo. Depois de passar um ano no campo de Moria, essa camaronesa foi surpreendida pelas chamas enquanto dormia e, por isso, ela explica, está de camisola em plena luz do dia.

"Eu estava na seção onde são alojadas as mulheres solteiras. Enquanto eu dormia, todos saíram e ficamos três no quarto. Até que os policiais nos mandaram sair”, conta. “Em inglês, eles diziam: corra, corra, há um grande incêndio'. Eu não levei nada, só a camisola que estava vestida”, lembra.

“Fugimos e passamos a noite sob as estrelas, hoje será o terceiro dia…Não comemos e nem bebemos. Não sei se a União Europeia está dormindo, se não olha ou se ela não se preocupa com as pessoas”, questiona.

Como Ada, muitos refugiados não têm mais roupas além das que vestem. Outros perderam seus telefones celulares. No dia seguinte ao incêndio, Ada deveria ser entrevistada sobre seu pedido de asilo. Agora ela não sabe qual será seu destino.

Mais de 3.000 barracas, contêineres, escritórios administrativos e uma clínica foram destruídos pelas chamas. As autoridades gregas afirmam que a gestão das vagas migratórias é um problema europeu. “A situação não pode continuar assim, porque é uma questão de saúde pública, humanidade e segurança”, completou o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis.

Ajuda internacional

A chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou nesta quinta-feira o lançamento de uma iniciativa franco-alemã para receber na União Europeia os 400 migrantes menores de idade que se encontravam no campo grego de Moria. “A Alemanha e a França vão participar, espero que outros estados-membros também”, declarou Merkel numa conferência em Berlim.

Para a chanceler, o drama do campo de Moria deve empurrar os países da UE para "finalmente" alcançarem uma política comum de migração, que atualmente "não existe", segundo suas palavras.

Da Córsega, onde participa de uma cúpula dos países do sul da EU e Mediterrâneo, o presidente francês, Emmanuel Macron, "expressou sua solidariedade com a Grécia em face a esse terrível incêndio".

"Acreditamos que os eventos trágicos no campo de Moria são uma última chamada para a União Europeia estabelecer políticas de migração", afirmou Adriana Tidona, pesquisadora na Grécia para a Anistia Internacional. Em entrevista à RFI, ela conta que "Moria tem sido sistematicamente superlotado por anos e que a situação não deveria ter chegado a esse ponto".

 

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