Em aguardada exortação, Papa não se pronuncia sobre ordenação de homens casados na Amazônia
O papa Francisco divulgou nesta quarta-feira (12) a exortação apostólica "Querida Amazônia", um texto muito aguardado no qual denuncia as empresas que semeiam "injustiça e crime" neste território afetado pela devastação e a pobreza. No documento, o sumo pontífice evitou se pronunciar sobre a ordenação de homens casados - assunto que gera forte polêmica no Vaticano desde o ano passado.
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O texto da exortação, de 24 páginas, é dividido por capítulos. A divulgação do documento gerou muita expectativa porque o papa argentino deveria se pronunciar através dele sobre o delicado tema do celibato, defendido com veemência pelos setores ultraconservadores da Igreja Católica.
Evitando abordar a questão que dominou o Sínodo da Amazônia no ano passado, Francisco demonstrou sua vontade de que a instituição se concentre nos desafios ecológicos, sociais e pastorais, e não na questão da ordenação de homens casados em regiões remotas da Amazônia.
Por isso, no texto, o sumo pontífice denuncia as empresas nacionais e multinacionais que semeiam a "injustiça e o crime" na região da floresta e violam os direitos dos povos autóctones. "Aos empreendimentos, nacionais ou internacionais, que prejudicam a Amazônia e não respeitam o direito dos povos originários do território e sua demarcação, à autodeterminação e ao consentimento prévio, devem receber o nome que lhes corresponde: injustiça e crime", escreveu.
A exortação destaca "grandes sonhos" do papa Francisco para a Amazônia: ele defende a "ecologia humana", para levar em consideração os pobres e valoriza as culturas indígenas. O religioso também defende a promoção de uma "igreja missionária" na região.
Uma "carta de amor" de Francisco
O documento, que o Vaticano chama de "carta de amor de Francisco", tenta acalmar os ânimos entre conservadores e progressistas a respeito da polêmica questão do celibato. A omissão do tema decepcionou os setores que pediam uma exceção para esta região do mundo.
O fim do celibato na Amazônia foi uma das propostas mais inovadoras apresentadas pelos religiosos da região, com 34 milhões de habitantes e 400 tribos indígenas, devido à escassez de padres e o avanço incessante dos evangélicos.
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