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Rapper espanhol é acusado de apologia ao terrorismo e gera debate sobre liberdade de expressão na Espanha

A Justiça espanhola emitiu um mandato de prisão nacional, europeu e internacional contra o rapper Valtonyc, que se encontra atualmente foragido. O cantor foi condenado a 3 anos e meio de prisão por “apologia ao terrorismo” em suas músicas. A imprensa espanhola acredita que o artista esteja na Bélgica.

Valtonyc no clipe de sua canção anti-monarquista "Não ao Bourbon", em 2012. Atrás dele, a bandeira da República espanhola.
Valtonyc no clipe de sua canção anti-monarquista "Não ao Bourbon", em 2012. Atrás dele, a bandeira da República espanhola. Captura de vídeo Youtube
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A fuga de José Miguel Arenas Beltran, de 24 anos, para evitar sua prisão abriu um debate a respeito da liberdade de expressão na Espanha. Valtonyc, como é conhecido, é acusado não somente de homenagear o Grupo de Resistência Antifascista Primeiro de Outubro (GRAPO) e o movimento separatista basco ETA, mas também de “injúrias e ameaças à Coroa espanhola”.

Até sua passagem pelos tribunais, em fevereiro desde ano, Valtonyc era pouco conhecido no mundo. O cantor tinha até hoje para se entregar, mas anunciou, em um tuíte, sua intenção de “desobedecer” a Justiça.

“Amanhã, eles virão até a minha porta para me colocar na prisão. Por causa de algumas canções. Amanhã, a Espanha vai se ridicularizar, mais uma vez. Não vou me entregar. Desobedecer é legítimo”, escreveu o rapper, chamando o Estado espanhol de “fascista”.

Luta antiterrorismo ou ditadura?

Em suas canções recheadas de militantismo de extrema-direita, Valtonyc evoca a morte de membros do governo espanhol, da família real e de políticos dos partidos de direita. Num show recente, o artista também sugeriu “matar um guarda civil”. “Espero que eles tenham tanto medo quanto um guarda civil no País Basco” ou “o rei tem um encontro marcado na praça da cidade com uma corda em seu pescoço”, ele canta em um de seus raps.

A Justiça espanhola considerou que suas letras faziam “incontestavelmente” apologia ao ETA. A legislação que controla a incitação à violência e as injúrias à Coroa, entretanto, é criticada e vista como controversa no país. Nos últimos meses, vários usuários de redes sociais foram condenados, incluindo o também rapper Pablo Hasel, que recebeu a sentença de dois anos de prisão.

As condenações recentes suscitaram diversas críticas. A Anistia Internacional acusa o governo espanhol de “reprimir as expressões políticas, sobretudo nas redes sociais”.

Valtonyc recebeu o apoio do ex-presidente independentista catalão Carles Puigdemont, que declarou no Twitter que “esta decisão difícil” era necessária para “continuar a defender os valores e as liberdades fundamentais, sem as quais não há democracia”.

A estrela de Hollywood Javier Bardem também se manifestou na última terça-feira (22) afirmando que as acusações contra pessoas que expressam sua opinião fazem com que a Espanha retorne à “época do franquismo”.

Cantor francês cedeu casa ao ETA e foi preso

Já na França, o cantor basco Peio Serbielle também foi condenado nesta quinta-feira (24) a um ano e meio de prisão por ter dado apoio à organização separatista ETA há 14 anos. O músico foi julgado na terça (22) e quarta-feira (23) por ceder abrigo a dirigentes da organização, incluindo o chefe militar do grupo, que organizou reuniões em sua casa entre 1999 e 2004.

O artista já cumpriu 16 meses de prisão preventiva entre 2004 e 2006, após ter sido detido em uma operação anti-ETA nos Pireneus Atlânticos, sudoeste da França. Em 2005, durante sua pena, diversas personalidades francesas se manifestaram em seu apoio.

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