Partido de Puigdemont foi financiado ilegalmente, diz tribunal de Barcelona
Um tribunal de Barcelona determinou que o partido dos ex-presidentes nacionalistas da Catalunha, Carles Puigdemont e Artur Mas, o Convergência Democrática da Catalunha (CDC), foi financiado ilegalmente, em uma decisão divulgada nesta segunda-feira (15).
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De acordo com o tribunal, o partido Convergência Democrática da Catalunha recebeu pelo menos € 6,6 milhões do grupo espanhol de construção e serviços Ferrovial "em troca de licitação sem concorrência de obras públicas".
O escândalo, que eclodiu em 2009, alimentou as suspeitas de corrupção contra o partido nacionalista que governou a região durante décadas e que se tornou independentista no final de 2012. O processo terminou no final de outubro de 2017, com a proclamação unilateral de independência e a intervenção do governo federal de Madri.
Para reabilitar sua imagem, o partido renasceu em 2016 com o nome PDeCAT (Partido Democrata Europeu Catalão). Na semana passada, Artur Mas, líder da Catalunha entre 2010 a 2016, deixou a direção da legenda, uma decisão que seus críticos atribuem às implicações deste caso judicial.
Participação ilegal em licitações
Segundo o tribunal, a Ferrovial e o CDC negociaram uma comissão de 4% do total de contratos públicos obtidos, valor que foi dividido entre o partido (2,5%) e os dois principais líderes do Palácio da Música, prestigiosa instituição cultural da Catalunha, cujos diretores foram condenados à prisão por terem desviado € 23 milhões entre 2000 e 2009.
O CDC não foi acusado enquanto entidade legal, mas terá que devolver os € 6,6 milhões obtidos de forma irregular. Seu ex-tesoureiro, Daniel Osacar, foi condenado a quatro anos e meio de prisão.
A decisão acontece dois dias antes da constituição do novo parlamento catalão, onde os separatistas obtiveram novamente uma maioria absoluta de assentos durante as eleições regionais de 21 de dezembro. O chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, advertiu hoje que a Catalunha continuará "sob tutela" de Madri, se Puigdemont decidir governar a região, direto de Bruxelas.
Puigdemont e seu partido se encontram em dificuldade para compor um novo governo no Parlamento de Barcelona, uma vez que o ex-líder continua refugiado na capital belga. Perseguido na Espanha por rebelião, sedição e desvio de verbas, ele pode ser preso se voltar ao país. Uma posse à distância não convence seu principal aliado, a Esquerda Republicana da Catalunha. Já a oposição, assim como Madri, ameaçaram acionar a Corte Constitucional caso Puigdemont tente assumir o governo regional, estando na Bélgica.
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