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Justiça da Dinamarca vai indiciar inventor por assassinato após morte de jornalista

A história sórdida da jornalista sueca Kim Wall, desaparecida a bordo do submarino do inventor Peter Madsen quando fazia uma reportagem, levou a justiça dinamarquesa a mudar a inculpação do homem, inicialmente acusado de homicídio culposo por negligência.

A jornalista Kim Wall morreu em circunstâncias suspeitas a bordo do submarino construído pelo inventor Richard Madsen, quando fazia uma reportagem
A jornalista Kim Wall morreu em circunstâncias suspeitas a bordo do submarino construído pelo inventor Richard Madsen, quando fazia uma reportagem TT NEWS AGENCY/ Tom Wall Handout via REUTERS
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Foi a terrível descoberta de um tronco mutilado de mulher, posteriormente identificado como sendo o da jornalista desaparecida, que fez o Tribunal de Justiça dinamarquês mudar a acusação. "Depois da descoberta do corpo, que foi desmembrado, vamos pedir que o suspeito permaneça detido, agora por homicídio doloso [quando há intenção de matar]", indiciou o procurador especial da polícia de Copenhague, Jakob Buch-Jepsen.

Entenda o que aconteceu com Kim Wall

No dia 10 de agosto, a jornalista freelancer Kim Wall embarcou no submarino particular UC3 Nautilus, para escrever um perfil sobre o seu inventor, Peter Madsen. Ela desapareceu no Estreito de Öresund, entre Dinamarca e Suécia. Colaboradora para diversas mídias internacionais, estava acostumada com reportagens perigosas. Na madrugada do dia 11, constatando que ela não voltava para casa, seu companheiro alertou a polícia.

Foi também no dia 11 que Madsen foi socorrido por um velejador, pouco antes do seu submarino afundar - intencionalmente, suspeita a polícia, a fim de destruir provas. Ele se contradisse, alegando inicialmente que a havia deixado em terra. Pressionado, ele acabou voltando atrás e confessou que Kim havia sofrido um acidente no submarino, que causou sua morte. "Joguei o corpo no mar, quis dar um túmulo para ela", afirmou.

Depois de intensas buscas, a descoberta de um tronco de mulher sem os membros na Baía de Konge, nos arredores da capital Copenhague, e com peças de metal para que não voltasse à tona, fez a polícia reclassificar a acusação. O tronco pertencia à jornalista, cuja autópsia não revelou a causa de sua morte.

Quem era Kim Wall?

Kim Wall se formou em 2014 na Escola de Jornalismo de Columbia, em Nova York, sendo também diplomada em Relações Internacionais pela London School of Economics. Ela tinha 30 anos.

Freelancer, colaborava para diversos jornais de renome internacional como Guardian, New York Times, South China Morning Post e outros. Dos sobreviventes do terremoto no Haiti às mulheres jornalistas de Uganda, passando pelas atletas americanas obesas e a explosão do turismo na Coreia do Norte, Kim costumava viajar pelo planeta em busca de temáticas originais e universais ao mesmo tempo. Daí o seu interesse por Peter Madsen, um inventor autodidata, apaixonado por ciências desde a infância, que não chegou a terminar a faculdade de Engenharia, mas construiu um submarino de 18 metros. O tipo ideal para Kim, sempre ávida de personagens curiosas.

Sua morte é vivida como uma tragédia na Suécia e também na China, país onde devia se instalar com seu companheiro a partir de 15 de agosto. O casal havia alugado um apartamento em Pequim.

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