Polícia italiana descobre fraude fiscal bilionária
A polícia financeira italiana anunciou nesta terça-feira (21) que desmantelou um grupo de empresas suspeitas de operar um sistema de faturas falsas. O esquema seria o responsável por uma fraude fiscal que “ultrapassa € 1,7 bilhão”, segundo as autoridades.
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Dois empresários de Roma, Pierino Tulli e Maurizio Ladaga, seriam os responsáveis pela fraude, que começou em 2001. Eles emitiam faturas falsas através de empresas intermediárias nos setores de segurança e limpeza industrial.
Graças a essas faturas falsas, grandes quantidades de dinheiro acabavam depositadas nas contas de empresas de fachada, criadas apenas para receber os valores. Em seguida, o dinheiro era retirado em espécie e depositado em San Marino e Luxemburgo. Por fim, as empresas de fachada declaravam falência e outras eram criadas para substituí-las.
Ao todo, 62 pessoas são suspeitas de ter participado da fraude, em diferentes graus de envolvimento. A polícia financeira também bloqueou bens no valor de € 100 milhões, entre eles uma centena de bens imobiliários, duas empresas e uma centena de contas bancárias. Cerca de 70 policiais participaram das operações de bloqueio e busca que ocorreram em diversas regiões da Itália.
De Dolce&Gabbana a Silvio Berlusconi
A enorme fraude fiscal representa apenas a ponta do iceberg da sonegação na Itália. No sábado (18), a polícia financeira bloqueou bens nos valor de € 2,7 milhões de euros de um empresário da Sardenha que vendia produtos na internet e não declarava nenhum tipo de renda ao fisco.
A evasão fiscal é um flagelo contra o qual todos os governos italianos dos últimos anos tentaram lutar, principalmente em tempos em que é preciso repor o caixa público esvaziado pela crise econômica.
Segundo um estudo de 2012, a economia informal – incluindo trabalho informal, atividades mafiosas e alugueis de imóveis não declarados – representam 35% do PIB italiano, que está ao redor de € 540 bilhões. Também em 2012, a polícia financeira do país descobriu mais de € 56 bilhões em evasão fiscal – tendo recuperado cerca de € 13 bilhões no ano seguinte, valor que deve se manter em 2014 e aumentar para € 15 bilhões em 2015, segundo a diretora do fisco italiano, Rossella Orlandi.
A luta contra a fraude fiscal na Itália já atingiu marcas e pessoas famosas, como a grife Dolce Dolce&Gabbana e ex-premiê Silvio Berlusconi, que foi condenado a prisão – com pena revertida em trabalho – e perdeu seu mandato de senador, no caso conhecido como Mediaset.
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