Jihadista que decapitou jornalista James Foley pode ser britânico
A execução brutal do jornalista norte-americano James Foley pelo grupo extremista Estado Islâmico chocou a opinião pública mundial. Mas as autoridades britânicas têm uma preocupação a mais: o jihadista que decapitou o repórter fala inglês com sotaque londrino no vídeo divulgado na terça-feira (19) pelos radicais.
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O impacto na opinião pública se deu tanto pela decapitação, cujo vídeo foi divulgado na internet, quanto pela suspeita da identidade do assassino, que pode ser britânico. O jihadista mascarado e vestido de preto que aparece ao lado do repórter norte-americano James Foley fala inglês com sotaque de Londres.
No material intitulado “Mensagem à América”, divulgado há dois dias na internet, o extremista declara, em inglês britânico: “Vocês não estão mais lutando contra uma insurgência. Somos um Exército Islâmico."
Diante da suspeita da nacionalidade britânica do autor da morte de Foley, o primeiro-ministro, David Cameron, anunciou nesta manhã que antecipou o retorno das férias. Ele voltou ontem para Londres a fim de se reunir com o ministro das Relações Exteriores, Philip Hammond, com integrantes do ministério do Interior e com os serviços de segurança britânicos.
Conversão de britânicos a vertentes radicais
O sotaque do extremista alertou os serviços de inteligência da Grã-Bretanha, que tentam, agora, identificar o terrorista. A possibilidade de que o jihadista que cometeu a bárbara execução seja britânico também reabriu o debate sobre a conversão de jovens do Reino Unido a vertentes radicais do islamismo.
Segundo as autoridades da Grã-Bretanha, entre 400 e 500 jovens partiram para a Síria e para o Iraque nos últimos anos a fim de combater ao lado de jihadistas. Neste ano, a polícia britânica prendeu 69 pessoas suspeitas de terem ido para a Síria integrar diversos grupos terroristas.
Especialistas dizem que muitos desses jovens são convertidos a vertentes radicais do islamismo na prisão ou se aventuram em combates no Oriente Médio após aliciamento em redes sociais.
“Temos um grande número de pessoas que se convertem e se integram a grupos radicais na prisão, além de membros da comunidade muçulmana afetados pelos acontecimentos no Oriente Médio e que se sentem oprimidos pelos governos ocidentais”, avalia o especialista em ideologia terrorista Afzal Ashraf, do instituto de pesquisa londrino Rusi.
No mês passado, o britânico Muhammad Hamidur Rahman, de 25 anos, morreu na Síria combatendo pelo Estado Islâmico. O jovem, de origem indiana, era supervisor de vendas de uma das lojas Primark, e foi o segundo da cidade de Portsmouth, no sul da Inglaterra, a morrer pela jihad ("guerra santa") na Síria. Em dezembro do ano passado, Iftekhar Jaman, de 23 anos, teve o mesmo destino.
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