Oposição ucraniana pede demissão do governo após violência policial
A oposição ucraniana convocou neste sábado a população para sair às ruas e "derrubar" o governo, após a violenta dispersão dos manifestantes que ocupavam o centro de Kiev a fim de protestar contra o recuo do país em relação à União Europeia.
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A opositora na prisão e ex-primeira ministra Iúlia Timochenko pediu que os ucranianos "se levantem contra a ditadura" e se mobilizem neste domingo em Kiev, onde a oposição pretende realizar um novo protesto.
"Não saiam da rua até o regime ser derrubado por meios pacíficos", acrescentou Iúlia Timochenko, que está cumprindo uma pena de sete anos de prisão e cuja libertação é exigida pela União Europeia.
Nas primeira horas deste sábado, as tropas de choque dispersaram com violência cerca de mil manifestantes que ocupavam, com fogueiras para se esquentarem e bandeiras europeias, a praça da Independência, no centro da capital.
Os manifestantes estavam denunciando o recuo do presidente Viktor Ianukovitch, que na sexta-feira se recusou a assinar um acordo de associação com a União Europeia durante uma cúpula em Vilnius. Esse acordo estava sendo preparado há meses. Os opositores acusam o presidente de jogar o país novamente nos braços da Rússia.
"Trinta e cinco pessoas tiveram que receber atendimento hospitalar", disse em Kiev um dos responsáveis pelos serviços de emergência da cidade, Anatoli Verchigora.
"Eles começaram a bater em todo mundo sem distinção. Eles batiam nos velhos, nas mulheres, até em uma criança. O rosto dela estava coberto de sangue", disse Maria Tchalyk, uma estudante de 17 anos que estava na praça. Segundo ela, as tropas de choque davam pontapés nos manifestantes.
A polícia de Kiev afirmou ter mandado evacuar a praça para preparar as festas de fim de ano, e confirmou a detenção para interrogatório de 31 pessoas. A maioria dos presos foram libertados pouco depois, segundo a mesma fonte.
O primeiro-ministro Mykola Azarof se disse "indignado" e anunciou ter ordenado uma investigação. Mas os líderes da oposição, que se reuniram neste sábado para decidir qual estratégia adotar após uma semana de manifestações, denunciaram um endurecimento do regime e exigiram a demissão do presidente e novas eleições.
Em um comunicado emitido por sua embaixada em Kiev, os Estados Unidos condenaram a dispersão dos manifestantes. A União Europeia denunciou "o recurso à força contra manifestações pacíficas" e afirmou "acompanhar atentamente" a situação.
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