Papa e Putin conversam sobre a Síria

O papa Francisco recebe hoje o presidente russo, Vladmir Putin, em uma audiência privada no Vaticano. Eles vão falar sobre o conflito na Síria, uma vez que a Rússia, junto com o Irã, é o principal aliado do regime de Damasco. Paralelamente na Suíça, o emissário da ONU para a Síria, Lakhdar Brahimi, encontra hoje representantes russos e americanos. O objetivo é, mais uma vez, tentar marcar uma data para a conferência de paz batizada de Genebra 2.

O presidente russo, Vladimir Putin, será recebido em uma audiência no Vaticano pelo papa Francisco. REUTERS/Aleksey Nikolskyi/RIA Novosti/Kremlin

Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

O conflito na Síria e no Oriente Médio, além das relações entre a Igreja Católica e a Ortodoxa, dominarão as conversas entre o papa Francisco e o presidente russo. Esta é a quarta vez que Putin visita o Vaticano e o primeiro encontro com o papa Francisco é marcado por diversos pontos de convergência entre os dois líderes.

Em setembro passado, na véspera da reunião do G20 em São Petersburgo, o papa Francisco escreveu ao presidente da Rússia pedindo a sua intervenção na cena internacional para que a Síria não fosse bombardeada pelo ocidente. A Santa Sé e a Rússia concordam sobre uma iniciativa diplomática para destruir as armas químicas na Síria. Putin também garantiu os seus esforços para proteger os cristãos no Oriente Médio.

O conflito na Síria já matou mais de 113 mil civis, incluindo 11 mil crianças e adolescentes ao logo dos dois últimos anos, segundo um informe publicado ontem pelo grupo de estudos britânico Oxford Research Group. A grande maioria dos menores mortos perdeu a vida em bombardeios, sendo que 128 crianças e adolescentes foram vítimas de armas químicas e 389 morreram baleadas por franco-atiradores.

Aproximação com a Igreja Ortodoxa

A audiência desta segunda-feira poderá significar uma abertura para uma eventual visita do papa à Moscou. Francisco poderia encontrar o patriarca ortodoxo Kirill e aproximar as igrejas, embora o representante do patriarcado russo Hilarion Alfeyev tenha dito recentemente que o primeiro passo para um encontro seria em um país neutro.

A reunião com o papa servirá para Putin reforçar a sua posição de líder internacional. Considerado pela revista americana Forbes como o homem mais poderoso do mundo, ele faz uma visita de dois dias à Itália acompanhado por cinco aviões e 50 carros que servirão para transportar a delegação de 11 ministros.

Hoje, Putin será recebido também pelo presidente italiano, Giorgio Napolitano, e depois vai encontrar o seu amigo pessoal, como gosta de dizer, o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Amanhã, Putin, junto com a delegação russa, vai viajar a Trieste, cidade no nordeste da Itália, onde haverá reuniões com o governo italiano, banqueiros e empresários para tratar de acordos comerciais.