Declaração de Barroso de que a França é reacionária provoca revolta
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, provocou uma onda de revolta e indignação na França ao declarar que a postura do país de excluir o setor audiovisual das negociações sobre uma área de livre comércio entre União Europeia e Estados Unidos encarna um “programa antiglobalização totalmente reacionário”.
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O presidente François Hollande afirmou nesta segunda-feira que se recusava a acreditar que Durão Barroso tenha chamado a França de “reacionária”.
A ministra da Cultura da França, Aurélie Filippetti, e diversos artistas e profissionais do setor ficaram “chocados” com a declaração de Barroso. “Suas declarações são completamente revoltantes. Elas são inaceitáveis da parte de um presidente da Comissão Europeia”, disse a ministra durante uma entrevista coletiva, em Paris.
Filippetti considerou “um ataque contra todos os que apoiaram a posição francesa”, incluindo os artistas, diretores, e a população europeia através de seus representantes no parlamento. A ministra afirmou que a Comissão se encontra “isolada em sua lógica ultraliberal”.
Segundo Filippetti, a posição da França não é defensiva, conservadora e muito menos reacionária. E explicou: “É uma postura moderna porque sem exceção cultural, nós não podemos enfrentar o desafio ao qual somos confrontados em relação à transição de nossos instrumentos de regulação do setor econômico da cultura na era digital”.
A ministra garantiu que o país não vai abrir mão de lutar por esse princípio criado para proteger o setor audiovisual francês diante da concorrência com outros países. A chamada “exceção cultural” é um conjunto de medidas criado para proteger e garantir a produção de obras para serem divulgadas no país e na Europa. Ela estabelece os mecanismos de financiamento e divulgação de produtos culturais como filmes, música e séries de televisão.
Na sexta-feira os ministros europeus do Comércio deram sinal verde para a Comissão Europeia iniciar as negociações com os Estados Unidos para um novo acordo de livre comércio. Para chegar à unanimidade, os ministros aceitaram, a pedido da França, de excluir totalmente o setor audiovisual das discussões.
No entanto, o comissário europeu para o Comércio, Karel De Gucht, afirmou no domingo que a não inclusão da cultura na agenda de discussões era “provisória”.
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