Caso Vini Jr.: jogador francês do Valência critica inércia de dirigentes no combate ao racismo
Depois de ter seu cartão vermelho anulado, Vinicius Jr. poderá jogar nesta quarta-feira (24) pelo Real Madrid contra o Rayo Vallecano, em duelo da 36ª rodada do campeonato espanhol. A repercussão do ataque racista sofrido pelo brasileiro no estádio do Valência continua tendo amplo destaque na imprensa francesa.
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Em entrevista ao jornal Le Parisien, o zagueiro francês Dimitri Foulquier, que joga no Valência e estava em campo quando Vini Jr. foi chamado de "macaco" no domingo, critica a inércia das autoridades contra o racismo no futebol. Também negro, o francês, nascido na ilha de Guadalupe, diz que infelizmente se faz muito pouco para acabar com esses insultos, que ele considera inadmissíveis.
O zagueiro constata que os dirigentes de clubes e das principais instâncias do futebol não se reúnem para estabelecer medidas conjuntas destinadas a dar um fim a esses episódios frequentes. Muito pelo contrário: a cada novo caso, "muita gente reage dizendo que são iniciativas isoladas e minoritárias", nota o jogador francês. O maior erro, segundo Foulquier, é negar as evidências. "Se as pessoas negam a realidade do racismo, fica difícil encontrar uma solução", insiste o zagueiro.
O jornal Libération também dedica uma página de sua edição impressa ao caso de Vini Jr.. O jornal inicia a reportagem recordando a tatuagem antirracista que o brasileiro tem na perna, com a frase "Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra", dita pelo ex-imperador da Etiópia Haile Selassie, em 1963, retomada depois em uma canção de Bob Marley.
O diário progressista ouviu a opinião do colunista Antonio Camacho, do diário espanhol conservador ABC, sobre a controvérsia a respeito de provocações de Vini Jr. contra adversários. Na entrevista, o jornalista espanhol diz que "nenhuma atitude provocativa de Vini Jr. justifica um ataque racista, nem mesmo quando ele exagera".
O canal de TV Eurosport informa que a CBF está trabalhando com a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) para que o amistoso do Brasil contra a seleção da Guiné, programado para 17 de junho em Barcelona, seja utilizado no combate ao racismo na Espanha. O canal francês acrescenta que, de acordo com a TV Globo, os presidentes da Fifa e da Uefa, Gianni Infantino e Aleksander Čeferin, foram convidados, e Vinicius Jr. já teria aceitado participar da partida.
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