Fifa: Museu do Futebol mergulha Sepp Blatter em novo escândalo
O ex-chefe do futebol mundial Sepp Blatter foi acusado nesta terça-feira (22) pela Fifa de "má gestão criminosa" em relação ao projeto do Museu do Futebol em Zurique, na Suíça. Em resposta ao anúncio da Fifa de registrar uma queixa, o advogado de Blatter, Lorenz Erni, declarou que "as acusações são infundadas e veementemente negadas".
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A organização desportiva com sede em Zurique, por sua vez, explica que “uma investigação realizada por peritos externos revelou provas de suposta má gestão criminosa visando a antiga direção da Fifa e das empresas nomeadas por esta como parte do projeto” do Museu do Futebol.
De acordo com a Fifa, o projeto gerou uma fatura de 500 milhões de francos suíços (cerca de US$ 563 milhões) que "poderia e deveria ter sido destinada ao desenvolvimento do futebol mundial".
“Chegamos à conclusão de que não tínhamos escolha a não ser relatar a questão ao procurador-geral, pois a atual liderança da Fifa tem responsabilidades fiduciárias com a organização e pretende assumi-las totalmente, mesmo que seu antecessor esteja longe de ter feito o mesmo ", declarou o secretário-geral adjunto da Fifa, Alasdair Bell, em comunicado.
O Museu da Fifa em Zurique, cuja construção foi desejada por Sepp Blatter, presidente deposto e suspenso, foi inaugurado em fevereiro de 2016 pelo atual presidente Gianni Infantino, um dia após sua eleição. Mas, no final de outubro de 2016, seu diretor Stefan Jost havia deixado o cargo, por "divergências de visão sobre a estratégia futura do Museu do Futebol", explicou então a Fifa.
Menos de um mês depois, o museu foi ameaçado de fechamento por causa de perdas financeiras, decisão que chegou a ser anunciada aos funcionários. Mas, por fim, o local permaneceu aberto.
Dez andares
O prédio de dez andares inclui 3 mil m2 de espaço para exposições, áreas para eventos, salas de alimentação, 34 apartamentos, assim como escritórios que podem acomodar cerca de 140 funcionários. O museu esperava entre 130 mil e 150 mil visitantes para 2016, e 250 mil em 2018. Finalmente, 161,7 mil visitantes passaram pelas portas do museu durante o ano de 2019, pelos dados da Fifa.
De acordo com o comunicado da Fifa, a antiga administração do órgão esportivo destinou 140 milhões de francos suíços para a reforma e modernização do prédio que não é de sua propriedade, "ao celebrar um contrato de aluguel de longo prazo acima do valor de mercado, que custará à Fifa um total de 360 milhões de francos suíços até a data de vencimento do referido contrato, em 2045”.
"Os números que a Fifa comunica são falsos", reagiu a comitiva de Sepp Blatter, argumentando em particular que o aluguel anual do edifício é de 8,9 milhões de francos suíços e que não se leva em consideração “o fato de a Fifa poder alugar 20 apartamentos e escritórios”.
“Devido às somas consideráveis investidas no museu e ao modo geral de funcionamento da antiga gestão da Fifa, foi realizada uma auditoria judicial para apurar o que realmente aconteceu”, explicou Alasdair Bell nesta terça-feira. “Esta auditoria revelou numerosos casos de má gestão e também de circunstâncias suspeitas, algumas que podem ser de natureza criminosa e devem, portanto, ser objeto de uma investigação aprofundada pelas autoridades competentes”, enfatizou.
A Fifa indica que também pretende submeter à sua comissão de ética independente toda a documentação relativa a este processo para que esta possa iniciar possíveis investigações.
Blatter e Platini
Sepp Blatter já enfrenta uma investigação da justiça suíça, que diz respeito ao pagamento pela Fifa de 2 milhões de francos suíços a Michel Platini no início de 2011. Neste caso, Blatter e Platini são processados por "fraude" e "quebra de confiança, após a ampliação da investigação inicialmente aberta contra eles por "gestão injusta", o que em 2015 interrompeu a carreira de líderes no futebol.
(Com informações da AFP)
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