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Esporte em foco

“Não fico esperando nenhum incentivo nacional”, diz esgrimista que vai representar Brasil em Tóquio

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Guilherme Toldo será o único representante da seleção masculina de esgrima a defender o Brasil nas Olimpíadas de Tóquio. Treinando na Itália, ele diz se preparar “24 horas por dia" para a competição.

O esgrimista gaúcho Guilherme Toldo, em Paris.
O esgrimista gaúcho Guilherme Toldo, em Paris. Foto: RFI Brasil/ Elcio Ramalho
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O gaúcho de 27 anos participa ainda de duas competições em fevereiro, o Grand Prix de Turim, a partir do dia 7, e a Copa do Mundo, no final do mês no Egito.

Os resultados pouco devem alterar sua classificação no ranking mundial. Atualmente, Guilherme é o 28° melhor esgrimista de florete, posição que o garante nas Olimpíadas de Tóquio.

Ele será o único representante da delegação masculina, já que a vaga por equipes não vingou depois do mau desempenho do Brasil no Challenge Internacional de Paris, realizado em janeiro. A equipe perdeu para o Canadá a vaga reservada para a região das Américas.

Individualmente, o esgrimista também não foi bem no torneio parisiense, ficou em 84° lugar. A decepção com o desempenho, no entanto, não tira o foco de sua preparação, já na reta final antes do Japão.  

“Eu encaro esse reta final como uma parte do processo de preparação. Eu me preparei para isso, tracei esse objetivo. Estou treinando com foco nos Jogos Olímpicos, e estou sendo muito otimista porque estou reagindo bem em relação às minhas motivações, e estou tendo uma preparação muito boa. Estou muito confiante para esta reta final”, disse.

Guilherme Toldo fez história nas OIimpíadas do Rio, em 2016, ao ficar entre os oito melhores dos Jogos, surpreendendo atletas muito melhor posicionados no ranking, na época. Ele atribui sua performance à decisão de ter saído do Brasil para investir no esporte que começou a praticar aos oito anos de idade. Em 2012, mudou-se para a Itália, onde encontrou melhores condições e estrutura para atingir o alto nível que fixou para a carreira.

“Eu vi a oportunidade de alcançar o alto nível, que era um objetivo pessoal, para disputar contra os melhores esgrimistas do mundo. Eu percebi que iria ter um incentivo financeiro muito bom (no Brasil), mas a contrapartida de estrutura técnica não iria ter nenhuma. Para atingir meus objetivos, tinha que fazer com minhas próprias mãos, e acabei mudando para a Itália, tanto que terminar entre os oito melhores os Jogos do Rio, [conquistar] minhas medalhas nos Jogos Panamericanos, tudo isso foi fruto do meu trabalho”, diz.  

Críticas ao desenvolvimento dos esportes olímpicos

Apesar de ter feito história em 2016 com a melhor colocação de um brasileiro na competição, Guilherme tem um olhar crítico sobre o desenvolvimento da modalidade no país.

“O esporte olímpico não é muito valorizado no Brasil. Eu estou entre os 30 melhores do mundo e vejo isto com muito destaque dentro do meu país. Tento encarar da maneira mais profissional possível, mesmo que dentro do meu país eu não seja tão reconhecido, não tenha o mesmo feedback, ou a estrutura para se chegar a este resultado. Eu tenho algumas dificuldades, mas encaro de maneira muito profissional. E procuro sempre me dar ao máximo para treinar em alto nível atingir os resultados que eu crio para mim mesmo, não fico esperando qualquer tipo de contrapartida ou certo tipo de incentivo nacional”, explica.   

Atleta das Forças Armadas, Guilherme elogia, no entanto, o programa de alto rendimento que gera oportunidades para muitos competidores. “Vejo as Forças Armadas como o braço direito do Comitê Olímpico, das federações. Vejo um trabalho bem destacado e espero que esse programa cresça e envolva cada vez mais atletas no nosso país”.

Segundo Toldo, problemas estruturais da sociedade brasileira prejudicam a percepção de parte da população sobre alguns esportes olímpicos e criam uma visão distorcida de que algumas modalidades são elitistas.

“Não falo de maneira pejorativa, mas de maneira construtiva. Se as pessoas tiverem possibilidade de conhecer alguns esportes olímpicos e outras realidades, iriam com certeza ter outra opinião diferente sobre determinados assuntos, e a esgrima é um deles. É um esporte como qualquer outro, que não é caro. É caro quando é para o alto rendimento, o que acontece com outros esportes como atletismo, handebol, natação”, exemplifica.

“Às vezes as pessoas têm um certo preconceito ou conceito equivocado. Espero que com o desenvolvimento do nosso país, desenvolvimento intelectual, socioeconômico, as pessoas possam perder alguns paradigmas com os esportes olímpicos em geral.  Esses esportes olímpicos são importantes de se praticar e fundamentais para o desenvolvimento de algumas pessoas”, acrescenta.

Dedicação total ao esporte

A menos de sete meses do início das Olimpíadas, Guilherme Toldo tem dedicado 100% do seu foco à principal competição do calendário deste ano.

“Quando me perguntam quantas horas de treino, eu digo que é 24 horas. Isso porque tem que prestar atenção desde a hora que dorme até a que acorda, o que vou comer, quantas horas vou descansar. A preparação é contínua e permanente. A preparação psicológica é importante, a física, técnica, tática, a alimentação. Tudo é importante, conta e faz a diferença no final”, resume.  

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