Acessar o conteúdo principal
Copa de 2014

"Nem em sonho pensava em jogar uma Copa do Mundo", diz Maxwell

Nesta segunda-feira (26), os jogadores da seleção brasileira se apresentam na Granja Comary, em Teresópolis, a fim de iniciar o período de preparação para disputar a Copa do Mundo de futebol. Antes de embarcar para o Brasil, Maxwell, lateral esquerdo do Paris Saint-Germain e da seleção brasileira, recebeu a Rádio França Internacional no centro de treinamento do clube, nos arredores de Paris, para uma entrevista exclusiva.

O lateral esquerdo da seleção brasileira, Maxwell, com o brasão do PSG, time que defende em Paris.
O lateral esquerdo da seleção brasileira, Maxwell, com o brasão do PSG, time que defende em Paris. Elcio Ramalho
Publicidade

Maxwell, de 32 anos, foi convocado pela primeira vez pelo treinador Luiz Felipe Scolari em julho do ano passado para o amistoso contra a Suíça. Ele entrou como reserva de Marcelo, do Real Madrid, e acabou levando a melhor na disputa pela vaga com outro lateral, Felipe Luís.

Durante a entrevista, Maxwell falou sobre seu espaço na seleção brasileira, sobre como os jogadores devem conviver com os protestos de muitos brasileiros contra os gastos com a Copa e sobre a pressão para ganhar um título em casa.

O capixaba de Cachoeiro de Itapemirim também confessou que, após a Copa das Confederações de 2013, já não tinha mais esperanças de ser convocado por Felipão. No dia 7 de maio, ele diz que sentiu uma emoção inesquecível ao ver seu nome na lista dos jogadores que vão defender o Brasil, país do qual saiu aos 18 anos de idade para atuar no futebol europeu. Confira abaixo a íntegra

Clique aqui para ouvir a entrevista exclusiva com Maxwell:
10:56

Elcio Ramalho entrevista o lateral esquerdo do PSG

Como você recebeu sua convocação?

Para ser muito honesto, nunca me passou pela cabeça, nem em sonho, que eu iria jogar uma Copa do Mundo dentro do Brasil. Eu falei algumas vezes, quando jogava na Inter (de Milão) e no Barcelona, períodos em que eu jogava bastante, que tinha a esperança de ser convocado. Mas a concorrência sempre é muito grande em todas as posições no Brasil. Quando cheguei aqui (PSG), já tinha perdido a esperança. A primeira convocação foi uma grande surpresa. Fico orgulhoso e feliz e espero corresponder à confiança que a comissão técnica depositou em mim. Espero curtir esse momento com o grupo inteiro, e que a gente possa fazer algo histórico para o Brasil. Só tenho que agradecer, o momento é mágico.

Você pensa em ser titular?

Dentro do grupo somos 23 jogadores orgulhosos e felizes. É um grupo no qual todo mundo vai dar o melhor para ajudar, seja dentro ou fora de campo. A palavra titular é ... (hesita), muitas pessoas se preocupam com isso. Nesse momento o Felipão tem o seu time. Com toda humildade, o Marcelo é um jogador que está em um momento incrível, tem uma qualidade única e eu reconheço a superioridade que ele tem na posição. Provavelmente ele vai ser (titular), mas repito: estou muito orgulhoso de estar no grupo, independentemente de ser titular ou não, os 23 vão fazer de tudo para que o momento se torne mágico com a vitória.

Você está se preparando psicologicamente para jogar no Brasil, onde a pressão será enorme?

A gente vive sob pressão o tempo inteiro. Difícil analisar daqui a pressão de lá, de um povo inteiro. É realmente uma coisa única, mas eu acho o Felipão um cara muito inteligente nesse aspecto. Essa pressão tem que ser algo que se torne positiva em termos de motivação e que não seja algo negativo em termos de cobrança, que te faça deixar de jogar. A comissão é muito experiente e o grupo será muito bem preparado por essas pessoas para isolar essa pressão e privilegiar o carinho das pessoas, o apoio, essa motivação para que seja vibrante, para que os jogos sejam bons e a gente possa conquistar uma coisa única.

O jogador Maxwell, que atualmente joga pelo PSG francês, foi selecionado pelo técnico Luis Felipe Scolari.
O jogador Maxwell, que atualmente joga pelo PSG francês, foi selecionado pelo técnico Luis Felipe Scolari. psg.fr

O Brasil vive um período conturbado socialmente, com possibilidade de manifestações durante a competição. Como os jogadores deverão reagir?

É difícil a gente se isolar desses problemas, porque são problemas que envolvem o dia-a-dia dos nossos familiares. Eu espero, se existir alguma manifestação, que seja pacífica e jamais violenta, porque a violência não resolve nada. A nossa responsabilidade neste momento de Copa do Mundo é dar alegria às pessoas, ao povo. Nossa profissão é jogar futebol. Então a gente não se isola dos problemas, reconhecemos o que precisa ser melhorado, entendemos o povo porque somos também, mas a gente vai tentar se concentrar no trabalho e tentar fazer com que as pessoas tenham alegria em ver os jogos do Brasil.

Como você analisa a chave do Brasil e o caminho da seleção brasileira?

Essa Copa está muito difícil com os oito campeões mundiais presentes. Nossa chave não chama muito a atenção, mas a gente sabe que o México sempre complica muito o Brasil, como nas últimas Olimpíadas (a seleção brasileira perdeu a final por 2 a 0). Tem a Croácia, que é o jogo de estreia, com toda a pressão, cobrança e ansiedade de entrar na competição. E com os jogadores com a qualidade que tem, vai ser difícil. Camarões é a seleção africana que sempre é aguerrida e muito física, então será tudo difícil. Em uma Copa do Mundo não se escolhe adversário. E tem que se preparar também para as oitavas, que será outra pedreira. O caminho não é fácil, mas talvez tenha um sabor melhor assim.

Maxwell marca pelo PSG contra o Olympique de Marselha.
Maxwell marca pelo PSG contra o Olympique de Marselha. REUTERS/Jean-Paul Pelissier

Quais as seleções mais fortes nesse momento e que podem oferecer dificuldades para o Brasil durante a Copa?

A Alemanha é uma seleção muito boa, a Argentina, a Itália, e tem uma seleção que me chama muito a atenção que é a Bélgica, que tem jogadores muito jovens. Talvez não tenham muita experiência nesse tipo de competição, mas tem jogadores com muitas qualidades. Essas seleções seriam as minhas favoritas.

Você já se projeta no dia 13 de julho (data da final da Copa)?

(Risos) Melhor não pensar. Tem que ser passo a passo. O sonho está la na frente mas para poder construí-lo tem que começar lá debaixo. A gente tem que se concentrar primeiro nos jogos da primeira fase, vencer e construir o caminho para chegar até a final. É difícil até imaginar, não existem palavras para descrever o que seria essa vitória no Brasil, com a família, os amigos. É uma oportunidade única.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.