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Quem é Jean Paul Prates, o franco-brasileiro que vai dirigir a Petrobras?

A Petrobras recebeu nesta quinta-feira (12) o ofício em que o Ministério de Minas e Energia formaliza a indicação de Jean Paul Prates para dirigir a estatal. Indicado por Lula, o nome do ex-senador já foi aprovado pela Casa Civil da Presidência da República e passa agora pelas últimas avaliações internas da empresa pública. O franco-brasileiro terá pela frente um cargo delicado, que mudou de mãos três vezes durante o governo de Jair Bolsonaro.

O ex-senador do PT Jean Paul Prates foi indicado para dirigir a Petrobras, após a estatal ter sido pilotada por três pessoas diferentes durante o governo Bolsonaro.
O ex-senador do PT Jean Paul Prates foi indicado para dirigir a Petrobras, após a estatal ter sido pilotada por três pessoas diferentes durante o governo Bolsonaro. REUTERS - ADRIANO MACHADO
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Com informações de Alexis Bedu, da RFI

Ex-senador do PT no Rio Grande do Norte, Jean Paul Prates (PT-RN) tem uma carreira de mais de 30 anos no setor energético. Antes de entrar para a política, ele atuou nos anos 1980 como membro da assessoria jurídica da Petrobras Internacional (Braspetro) e fundou uma das primeiras consultorias especializadas em petróleo no Brasil.

Prates nasceu no Rio de Janeiro em 1968, filho de uma francesa que deixou a Europa fugindo da Segunda Guerra Mundial. No entanto, ele sempre manteve contato com a França, onde fez parte de sua formação. Graduado em Direito e Economia no Brasil, ele fez mestrado de Gestão Ambiental nos Estados Unidos, antes de voltar para a terra de sua mãe para outro mestrado, em Economia da Energia, na antiga Escola do Petróleo e de Motores, instituição rebatizada de IFP School.

Na opinião de Jean-Pierre Favennec, que foi professor de Prates na IFP School, o jovem mostrava desde cedo um futuro promissor. “Ele já era, na época, um menino bastante notável. Teve uma carreira brilhante e é um homem de grande qualidade”, elogia.

Prates, que votou no socialista François Mitterrand em 1988, sempre foi de esquerda. Mas desde que foi eleito o primeiro senador franco-brasileiro do país, passou a fazer parte da ala mais moderada do Partido dos Trabalhadores. O que não o impede de ter posições firmes sobre o setor de energia ou sobre seu novo cargo.

Desde que foi indicado, ele tem feito declarações insistindo que a política de preços de combustíveis deve ser um “assunto do governo” e, principalmente, menos dependente das tarifas praticadas no resto mundo. “Não é que vamos desgarrar o preço completamente do mercado internacional. O país não é louco. Não vamos criar uma economia paralela no Brasil”, disse. “Mas vamos parar de balizar o preço da porta da refinaria com o preço de um produto produzido em lugares completamente aleatórios, distantes, do mundo, mais frete e mais despesas de colocação”, explicou, se defendendo de qualquer insinuação de querer estabelecer qualquer tipo de dumping.

“Não podemos deixar que destruam a indústria nacional, os planos estratégicos de um Brasil autossuficiente. Precisamos recuperar a hegemonia da Petrobras”, martelou o franco-brasileiro.

Cargo complicado

As declarações mostram que o objetivo de Prates é retomar o controle dos preços do petróleo, mas também da imagem da Petrobras, bastante arranhada nos últimos anos. Mas o cargo de presidente da companhia petrolífera é arriscado. Jair Bolsonaro mudou três vezes de dirigente durante sua gestão, em parte porque considerava que todos eram incapazes de conter o aumento dos preços dos combustíveis.

“É obviamente um cargo complicado. A Petrobras é uma empresa extraordinariamente importante no Brasil e, obviamente, o presidente da Petrobras tem um papel extremamente importante”, diz Jean-Pierre Favennec, especialista no mercado de energias. “É ele quem toma as grandes decisões. Houve problemas de corrupção no Brasil e a Petrobras esteve envolvida em um desses escândalos. Então, houve algumas mudanças. Mas, agora, a empresa está de volta com bases mais estáveis. Há campos [de petróleo] que devem ser colocados para produzir e há sempre necessidade de petróleo. Então a posição da Petrobras é importante. É uma empresa chave para o Brasil”, completa o ex-professor de Jean Paul Prates.

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