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França critica corte de 15 mil vagas anunciado por Airbus; Air France deve suprimir 7,5 mil postos

A Airbus cortará "aproximadamente 15.000 empregos", ou 11% de sua força de trabalho em todo o mundo até o verão (no Hemisfério Norte) de 2021, para "redimensionar sua atividade na aviação comercial" diante da crise do coronavírus, informou a construtora europeia de aviões nesta terça-feira (30). O ministério da Economia da França, que propôs vários planos de ajuda para as empresas superarem as dificuldades provocadas pela pandemia, julga os cortes "excessivos". A Air France deve cortar 7.500 vagas.

Airbus anunciou nesta terça-feira, 30 de junho de 2020, em comunicado o plano de demissões em massa para salvar a empresa, gravemente afetada pela crise da Covid-19.
Airbus anunciou nesta terça-feira, 30 de junho de 2020, em comunicado o plano de demissões em massa para salvar a empresa, gravemente afetada pela crise da Covid-19. AFP/File
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Cerca de 5.100 postos serão suprimidos na Alemanha, 5.000 na França, 1.700 no Reino Unido, 900 na Espanha e 1.300 em outros locais do grupo em todo o mundo, informou a fabricante de aeronaves em comunicado à imprensa. O Brasil, onde a empresa possui centros de treinamento e uma fábrica de helicópteros, não é citado no documento. O objetivo do construtor é "redimensionar sua atividade na aviação comercial".

Essa reestruturação do grupo é mais severa em termos de corte de pessoal do que o plano "Power8", de 2007, que acabou com 10.000 vagas na Airbus e em filiais. Os detalhes do projeto de adaptação à realidade da Covid-19 serão finalizados com os sindicatos, adianta a Airbus. As negociações começam em outubro deste ano. A Airbus não exlcuiu demissões forçadas mais "utilizará todas as medidas sociais em vigor, como as demissões voluntárias e o desemprego temporário”, para diminuir o impacto da decisão.

Em abril, a construtora europeia de aviões, com sede em Toulouse, no sudoeste da França, teve que reduzir em um terço a cadência de sua produção. "Essa é a pior crise que o setor já enfrentou e coloca em risco a sobrevivência da empresa", justificou o presidente-executivo da Airbus, Guillaume Faury.

"Cortes excessivos"

O ministério da Economia francês espera que a Airbus utilize os instrumentos criados pelo governo para reduzir o número de cortes, que ele considera "excessivo". O setor aeronáutico enfrenta um "choque maciço, brutal e duradouro. Tudo indica que a retomada será lenta e gradual. Nunca escondemos isso. Nós até antecipamos a crise inédita com a elaboração de um pacote de € 15 bilhões para apoiar o setor", salientou o ministério em um comunicado enviado à imprensa, que pede que tudo seja feito para evitar demissões forçadas.

Para diminuir as supressões anunciadas, Bercy (como é chamado o ministério), lembra o montante de € 1,5 bilhão prometido ao Conselho para a Pesquisa Aeronáutica para o desenvolvimento do avião do futuro, "neutro em emissões de CO2", até 2035, que pode salvar empregos de engenheiros do grupo. Outro dispositivo importante é a "atividade parcial de longa duração para todos os assalariados do grupo", segundo Bercy.

Os sindicatos receberam o anúncio como um “choque” e preveem uma enorme batalha para salvar empregos na Airbus.

Duplo choque

O grupo da Air France planeja cortar mais de 7.500 empregos até o final de 2022, incluindo 6.560 na companhia e mais de 1.000 na filial regional Hop!, apurou a agência AFP nesta terça-feira junto a fontes sindicais.

A informação está em um documento que será analisado em uma reunião prevista para a sexta-feira (3) com o comitê econômico e social central (CSEC, órgão de representação dos funcionários). Os cortes devem acontecer, em sua maioria, por demissões voluntárias ou aposentadorias não substituídas (cerca de 3.500 de um total de 41.000 funcionários na Air France). Mas afastamentos forçados não estão excluídos. A filial Hop! será a principal atingida.

A direção da aérea francesa deseja iniciar negociações com os sindicatos dos funcionários em terra no início de julho, com previsão para os primeiros cortes no início de 2021.

A Air France não quis se pronunciar sobre o vazamento do documento e respondeu que reserva "a apresentação de suas orientações estratégicas e seus impactos em termos de emprego aos parceiros sociais e órgãos de representação de funcionários na reunião da sexta-feira, 3 de julho".

O Estado francês, acionista da Air France-KLM, forneceu apoio financeiro de € 7 bilhões ao grupo franco-holandês, incluindo € 4 bilhões de empréstimos bancários garantidos e 3 bilhões de empréstimos diretos, solicitando melhorias em sua lucratividade e seu impacto ambiental. No fim de maio, o diretor-geral da Air France-KLM, Benjamin Smith, anunciou a redução da rede francesa (deficitária) em 40% até o final de 2021, mas o corte de pessoal estava em suspenso.

Nas últimas semanas, várias companhias fizeram anúncios de redução de pessoal: 22.000 no grupo alemão Lufthansa, 12.000 na britânica Airways ou 10.000 para a americana Delta Air Lines.

 

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