Com queda de 5,8% do PIB no primeiro trimestre, França registra pior recessão desde 1949
A economia francesa está oficialmente em recessão, depois de registrar uma queda do PIB de 5,8% no primeiro trimestre do ano. A retração reflete principalmente a redução de -6% no consumo, de -6,5% nas exportações e de -5,9% nas importações, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Estatísticas (Insee). Os investimentos nas empresas recuaram de 11,8% de janeiro a março.
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Essa é a maior queda do PIB francês desde 1949. A situação tende a piorar no segundo trimestre, devido aos efeitos do confinamento decretado para frear a epidemia de coronavírus. Para o ano de 2020, o governo prevê uma queda de 8% no PIB.
O ministro da Economia, Bruno Le Maire, disse em várias ocasiões que a crise econômica decorrente da epidemia terá um impacto comparável à grande depressão de 1929. "É preciso deixar claro que, absorvido o choque, existe um risco de multiplicação de falências de empresas (...) e de grave impacto no emprego e na perda de mercados de exportação", avisou o ministro na quarta-feira (29) diante dos deputados.
Em março, as inscrições no seguro desemprego registraram um aumento histórico, com apenas duas semanas de quarentena.
Recuperação lenta
Para tentar limitar os danos, o governo francês lançou um plano de suporte massivo de € 110 bilhões para empresas e assalariados, bem como um mecanismo de garantia de crédito do Estado de € 300 bilhões nos empréstimos solicitados ao banco de fomento público BPI.
Apesar disso, o primeiro-ministro Edouard Philippe alertou contra "o risco de colapso" da economia francesa, ao anunciar na terça-feira (28) o plano de suspensão gradual do isolamento a partir de 11 de maio. Por isso, o ministro da Economia convocou o "máximo de franceses" a retornar ao trabalho nas próximas semanas.
A recuperação da economia francesa "levará tempo", segundo o Insee, devido à ausência de um retorno imediato à atividade normal. As famílias tendem a guardar o dinheiro na poupança, ao invés de aumentar os gastos com consumo, temendo o desemprego. Diante das incertezas em escala global, as empresas do país também serão cautelosas em relação a novos investimentos.
O governo já trabalha dentro de um plano para relançar a economia. Mas novas medidas para estimular o consumo e fornecer ajuda aos setores mais afetados pela crise - como transporte aéreo, turismo e a indústria automotiva - só serão anunciadas a partir de setembro.
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