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Índia/Brics

Para imprensa francesa, assimetria do Brics continua enfraquecendo o grupo

Os jornais desta segunda-feira (17) fazem um balanço da reunião de cúpula do Brics, realizada no fim de semana em Goa, na Índia. O diário especializado em economia Les Echos reteve a decisão dos emergentes de duplicar as trocas comerciais até atingir US$ 500 milhões em 2020, o que seria a melhor maneira de contribuir para o crescimento da economia mundial.

O presidente Michel Temer (à esquerda) participou pela primeira vez da cúpula do Brics.
O presidente Michel Temer (à esquerda) participou pela primeira vez da cúpula do Brics. Beto Barata/PR
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No plano da segurança internacional, Les Echos explica que Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul quiseram passar uma imagem de união no combate ao terrorismo. Porém, na avaliação do jornal, as estratégias diplomáticas do grupo são motivadas por interesses divergentes.

O jornal observa que o atual governo indiano busca uma aproximação maior com os Estados Unidos, enquanto China e Rússia se opõem radicalmente aos americanos. Por outro lado, Brasil, Rússia e África do Sul enfrentam sérias dificuldades econômicas.

Para Les Echos, a única conquista dos emergentes até agora foi a criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), no ano passado.

Agência de classificação de risco indefinida

O Le Monde relata que os emergentes querem criar "com urgência" uma agência de classificação de risco financeiro alternativa, para acabar com o monopólio dos Estados Unidos nessa área. O jornal explica que eles se sentem prejudicados pelas avaliações das três grandes agências do setor, as americanas Standard and Poor’s (S&P), Moody’s e Fitch. Elas seriam parciais na atribuição das notas de confiança à economia desses países. A Índia, por exemplo, não compreende por que recebe a nota BBB- da S&P e da Moody’s, a mais baixa em termos de segurança do investimento, quando o país tem registrado crescimento de 7% nos últimos dois anos.

Para o Le Monde, a criação dessa agência é mais uma etapa na construção das instituições financeiras dos emergentes, depois da fundação do banco do Brics. O projeto ganha relevância porque o banco também precisará ser avaliado para captar empréstimos no mercado internacional. E se não tiver um triplo A, a melhor nota possível, dificilmente terá acesso a financiamento vantajoso. A contradição, como assinala o texto, é que o banco do Brics almeja o triplo A, mas nenhuma das economias que compõem o grupo possui essa nota. Le Monde lembra que a agência chinesa Dagong foi criada em 2010, com o mesmo objetivo de desafiar o monopólio americano, mas até hoje não conseguiu conquistar a credibilidade desejada.

Um indício de que o Brics conhece as dificuldades dessa empreitada é que o grupo sequer fixou um calendário para a abertura da agência, conclui o Le Monde.

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