Novo filme de Sono Sion provoca polêmica na Mostra de Veneza

A grande surpresa desta quinta-feira da 68ª Mostra de Cinema de Veneza foi o filme Hizumi, do diretor japonês Sono Sion. O roteiro conta uma história de amor entre dois adolescentes, filmada na costa leste do Japão, a região mais atingida pelo tsunami do dia 11 de março.

O diretor japonês Sono Sion Foto: Reuters

O filme Hizumi, ou Fukushima meu amor ?, dividiu o público e a crítica durante sua exibição nesta quinta-feira na 68ª Mostra de Cinema de Veneza. Enquanto algumas pessoas deixaram a sala emocionadas, outras questionaram a violência excessiva das cenas imaginadas pelo diretor Sono Sion. O filme, que concorre ao Leão de Ouro, é uma adaptação do mangá Ping Pong Club, de Minoru Furuya, escrito há dez anos. Ele narra a história de dois adolescentes, Sumida e Chazawa, que tentam sobreviver à tentação do suicídio apesar de serem submetidos diariamente à violência física e psicológica da família e da sociedade.

Algumas das cenas foram filmadas em Ishimaki, no nordeste de Sendai, uma das regiões mais atingidas pelo tsunami. "Depois da catástrofe eu tive que modificar o roteiro", disse o diretor.  "Tive dúvidas em relação a algumas tomadas. Muitas pessoas morreram e ainda continuavam desaparecidas. Corríamos o risco de cair em cima de um cadáver nos descombros. Mas ao mesmo tempo eu precisava fazer esse filme", ressaltou. De acordo com ele, seu filme "é um apelo para aqueles que querem mudar de vida depois da catástrofe, mas também para aqueles que querem esquecer o que aconteceu." Hizumi ainda não entrou em cartaz no Japão.

O diretor também anunciou que em breve deverá iniciar a produção de um filme sobre a central nuclear de Fukushima. Sion considera uma pena que os movimentos de protesto contra o uso energia nuclear  não ganharam força no Japão. Segundo ele, os japoneses acompanham as informações do governo publicadas na imprensa local,  mas ao mesmo tempo constatam que versões opostas circulam na imprensa estrangeira.