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Em Paris, Barroso apresenta 'agenda para o Brasil' e é indicado por Sarkozy para 'a outra presidência'

Autoridades brasileiras e francesas participam em Paris do primeiro Fórum Esfera Brasil Internacional, evento empresarial que busca aproximar os dois países. Na abertura, nesta sexta (13), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, defendeu uma ‘agenda para o Brasil’, com uma lista de prioridades para o país superar a politização.

Presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, participou da abertura do Fórum Esfera Internacional, nesta sexta, em Paris (13/10/2023)
Presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, participou da abertura do Fórum Esfera Internacional, nesta sexta, em Paris (13/10/2023) © @divulgação Esfera
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Barroso argumentou que essa agenda, baseada nos princípios da Constituição, representaria um "salto civilizatório” para o país. As prioridades iniciais da iniciativa seriam o combate à pobreza e as desigualdades, o crescimento econômico e desenvolvimento e a educação básica alçada à prioridade máxima do Estado.

"A Constituição apresenta uma agenda para o Brasil. E pode unificar liberais, conservadores e progressistas", avaliou. ”Um país como o Brasil tem gente ainda passando fome”, ressaltou. "Seis pessoas têm a riqueza de metade da população brasileira, o que nos mostra o grau perverso da desigualdade no país”, acrescentou.

O presidente do STF evocou o “certo protagonismo” que a Suprema Corte tem exercido no país, justificado, segundo ele, pela abrangência da Carta Magna brasileira. O discurso, que ainda incluiu a questão climática, o estímulo ao empreendedorismo e os investimentos necessários em tecnologia, teve um acentuado tom político – ao ponto de o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy começar a sua intervenção brincando que Barroso “está pronto para a outra presidência”.

“O presidente da Corte Suprema fez um discurso marcante. Senhor presidente, você está pronto para a outra presidência”, afirmou, arrancando risos da plateia. “Foi um bonito discurso e eu entendi tudo. Foi um discurso de orientação política forte, bem mais que um discurso de orientação jurídica, e foi interessante”, complementou o francês, que é advogado.

“Não me passa pela cabeça”, reagiu minutos depois o ministro, ao ser questionado pela imprensa sobre os comentários, à margem do evento.

Sarkozy elogia Lula

"Não conheço a opinião política dos que estão aqui, mas eu gostei de trabalhar com o Lula. E eu nunca fui de esquerda. Mas Lula dizia, com razão, que se a gente juntar todos os teus amigos, Nicolas, e todos os meus, nós teremos 100% do planeta”, disse Sarkozy, depois de impulsionar os brasileiros a exercerem um papel mais forte na geopolítica internacional e antes de defender a entrada do país como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.

Ex-presidente francês Nicolas Sarkozy fala em um dos painéis do Fórum Esfera Internacional, em Paris (13/10/2023)
Ex-presidente francês Nicolas Sarkozy fala em um dos painéis do Fórum Esfera Internacional, em Paris (13/10/2023) © @divulgação Esfera
"Funcionou muito bem entre o Brasil e a França quando estávamos, eu e o Lula, juntos. E sejamos francos, houve um episódio menos bom – e não estou falando da política interna brasileira, mas mesmo quando Dilma estava no poder, ela não tinha o impacto internacional que tem Lula”, explicou, ele, que esteve à frente do Palácio do Eliseu entre 2007 e 2012, durante o segundo mandato do petista no Brasil.

"Podemos estar de acordo ou não com Lula, e isso é uma outra coisa. Mas a vontade dele de levar o Brasil para a cena internacional é incontestável, e a França deve aproveitar essa oportunidade”, acrescentou.

Petróleo na margem equatorial

A França é a terceira maior investidora estrangeira no Brasil. Presente no evento em Paris, o ministro brasileiro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou um investimento de R$ 500 bilhões da petrolífera francesa TotalEnergies até 2026 no país, em projetos de energia eólica e pesquisa e exploração de óleo e gás.

“O que nós queremos agora é, respeitando a sustentabilidade, respeitando rigorosamente – o governo Lula não transigirá  na questão ambiental – é que a gente avance nas condicionantes colocadas pelo Ibama, para que a Petrobras, que é uma empresa reconhecida internacionalmente por ser uma grande especialista em explorar petróleo e gás em águas profundas com segurança, possa fazer essa exploração de forma adequada e nós possamos aproveitar os recursos”, declarou Silveira no fórum, em referência aos estudos de prospecção de petróleo na margem equatorial do país.

Silveira participou do painel sobre sustentabilidade do evento, ao lado do governador do Pará, Hélder Barbalho, e a vice-presidente executiva da Engie, Cécile Prévieu.

"Cada estado da Amazônia tem a sua vocação. O petróleo não é a vocação do estado do Pará. A vocação que o Pará escolhe para a sua transição econômica é floresta viva, bioeconomia a partir de pesquisa, ciência, conhecimento e inovação, para que floresta viva possa valer mais do que floresta morta – o que, lamentavelmente hoje, não é uma realidade", alegou Barbalho.

O Fórum Esfera termina neste sábado e terá o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o ministro do STF Gilmar Mendes, e os presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e da Confederação Nacional da Indústria, Robson Andrade, entre outros.

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