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Na véspera das eleições no Brasil, Le Monde propõe uma viagem ao “pequeno paraíso bolsonarista”

O correspondente do jornal francês no Brasil, Bruno Meyerfeld, foi até Nova Pádua, “pequeno enclave branco e de classe média do sul do Brésil”, onde o presidente brasileiro de extrema direita teve uma votação esmagadora em 2018. A reportagem de várias páginas é publicada neste sábado (14) na revista "M" do Le Monde, véspera do primeiro turno das eleições municipais no país. “As teses de segurança e reacionárias de Jair Bolsonaro continuam a florescer” na cidade, afirma o texto.

Reportagem sobre Nova Pádua publicada do jornal Le Monde deste sábado; 14 de novembro de 2020.
Reportagem sobre Nova Pádua publicada do jornal Le Monde deste sábado; 14 de novembro de 2020. © Reprodução
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O correspondente escreve que existem vários bons motivos para ir à Nova Pádua: “experimentar os famosos vinhos do estado do Rio Grande do Sul, os melhores do Brasil; refazer os caminhos dos imigrantes italianos na América Latina; fazer um selfie em frente a uma curiosa escultura de panela gigante de polenta; et, enfim, descobrir a cidade brasileira que registrou o maior porcentagem de votos a favor de Jair Bolsonaro”, enumera a reportagem.

Ao escolher em massa (92,96% dos votos) a extrema direita, a pequena cidade perdida da Serra Gaúcha passou rapidamente do anonimato à celebridade. Uma multidão de jornalistas desembarcou em Nova Pádua, “impacientes para entender as raízes do voto na ‘Cidade Bolsonaro’”.

Dois anos depois e apesar das eleições municipais, a cidade recuperou a tranquilidade, constata Bruno Meyerfeld. A apenas três horas da trepidante Porto Alegre, o vasto município rural, de apenas 2.500 habitantes, revela um outro Brasil. “Uma terra pudica, trabalhadora, com frequência desconfiada e silenciosa”.

Cidade próspera

Ao contrário da aparência rústica, Nova Pádua é uma cidade rica, uma das mais prósperas do país, com um salário médio equivalente a três salários mínimos. “Tudo na cidade respira a transparência, a boa gestão e a eficiência” e Nova Pádua representa um dos paradoxos do voto Bolsonaro. Segundo a matéria, “se, a exemplo de Donald Trump, o líder da extrema direita brasileira seduziu o eleitorado popular, ele também ganhou a adesão das classes privilegiadas e dos municípios mais ricos do país”.

O correspondente entrevistou o prefeito da cidade Ronaldo Boniatti que garante que Nova Pádua consagra um quito do orçamento à saúde, subsidia boa parte dos projetos agrícolas, concede bolsas de estudos e não tem dívida pública, nem criminalidade. “Um luxo em um país que enfrenta uma grave crise econômica e sanitária, violência e corrupção”, diz a reportagem.

O atual prefeito, do PSDB, mas que não hesitou em votar Bolsonaro em 2018, não é candidato a reeleição. Mas a cidade deve se manter fiel a Bolsonaro. Todos os candidatos se declaram, de uma maneira ou de outro, bolsonaristas, informa Le Monde.

Outras regiões do Brasil

Nova Pádua deve, então, se manter fiel ao presidente, mas o mesmo não deve acontecer no resto do país onde a situação é mais contrastada, indica o diário. Essas eleições municipais deveriam ser o primeiro grande teste do bolsonarismo, mas o presidente “se envolveu muito pouco na campanha e não se ocupou da implantação local de seu movimento”. Oficialmente, ele apoiou “pouquíssimos candidatos e mesmo assim timidamente”, como Celso Russomano, em São Paulo, e Marcelo Crivella, no Rio. Os dois, aliás, estão em dificuldade nas pesquisas, revela o texto.

A explicação para essa estratégia, segundo Le Monde, é que Bolsonaro “não quis nacionalizar essas eleições municipais e perder a popularidade conquistada com a crise da Covid”.

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