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Para Les Echos, volta de Lula ao poder deve ser freada pela Justiça

O jornal Les Echos desta quarta-feira (15) publica um artigo sobre o início da campanha de Lula para reconquistar o poder no Brasil. Mas o correspondente do jornal em São Paulo, Thierry Ogier, salienta que o "desejo de vingança do ex-presidente pode ser freado pela Justiça, que não o esquece".

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. REUTERS/Claudia Daut/File Photo
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O texto do Les Echos relata em detalhes a origem da campanha, lançada no início de março. "Volta Lula", pediram em coro intelectuais, liderados pelo teólogo Leonardo Boff. O manifesto intitulado Por que Lula? foi assinado por centenas de simpatizantes que "imploram ao ex-presidente de lançar já sua candidatura à eleição de 2018". A pressão aumenta também para que Lula reassuma a presidência do PT. Segundo o Les Echos, o partido dos trabalhadores está desestabilizado com a série de escândalos de corrupção em que está envolvido.

Aos 71 anos, viúvo pela segunda vez, Lula parece disposto a entrar na batalha. A decisão é confortada por uma recente pesquisa de opinião que aponta seu nome como vencedor do primeiro e do segundo turno, apesar de um grande número de eleitores afirmar que não votaria nele de jeito nenhum, informa o artigo.

Fortalecido por esses ventos favoráveis, o ex-presidente já mobiliza os militantes, principalmente em seu reduto do Nordeste brasileiro. Lula já teria até pedido a alguns economistas para elaborar um programa. O texto lembra a prosperidade e mobilidade social registradas durante os dois mandatos do petista, uma situação oposta à recessão atual. "Lula é um presidente que deixou um legado", afirma um especialista ouvido pelo jornal.

Lava Jato

No entanto, Les Echos reafirma que o ex-presidente não escapou das investigações em curso da Lava Jato. Ele já foi cinco vezes acusado por suas "relações perigosas" com a Odebrecht e outras empreiteiras, envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras. Segundo o texto, desde que foi conduzido coercitivamente a depor há um, Lula se diz vítima de perseguições políticas do juiz anticorrupção Sérgio Moro. No depoimento na terça-feira (14), em Brasília, o ex-presidente reiterou que sofre um massacre. Para o correspondente do jornal econômico a opinião pública brasileira, que apoia a Lava Jato, tem dificuldades em aceitar esse discurso do líder petista.

A Justiça pode atrapalhar os projetos do candidato potencial. O texto cita, sem dar o nome, um conselheiro próximo de Lula que admitiu como provável a condenação dele em primeira instância. Se a condenação for confirmada em segunda instância, o ex-presidente ficará inelegível. "O sonho de retorno ao poder de Lula pode ser de curta duração", conclui Les Echos.

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