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"Esquerda brasileira diante de um desastre anunciado", diz jornal francês

O jornal católico francês La Croix publicou na edição desta sexta-feira (28) uma reportagem com o título "No Brasil, a esquerda diante de um desastre anunciado", centrada no segundo turno das eleições municipais deste domingo (30).

O candidato do Psol à prefeitura do Rio, Marcelo Freixo
O candidato do Psol à prefeitura do Rio, Marcelo Freixo Divulgação
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"Essa votação coloca em evidência o declínio do PT, dois meses após o impeachment de Dilma Rousseff. Ela mostra ainda a profunda decepção dos brasileiros com a política", diz a reportagem, assinada pela correspondente Aglaé de Chalus.

Sobre a disputa no Rio de Janeiro, o La Croix afirma que o candidato do Psol, Marcelo Freixo, multiplica comícios, visitas a favelas e campanhas na TV para tentar convencer os indecisos. Ele está bem atrás nas pesquisas do seu adversávio, o pastor evangélico conservador Marcelo Crivella.

Na capital fluminense, a abstenção no primeiro turno, em 2 de outubro, bateu recorde: 24,28 %, contra a média brasileira de 17,6 %. O jornal lembra que o voto é obrigatório e que a abstenção é punida com uma multa. Cerca de 27 % dos eleitores cariocas se dizem ainda indecisos ou decididos a votar branco ou nulo neste domingo.

Crise de representatividade

"Há uma crise profunda de representatividade, ampliada no Brasil depois dos escândalos de corrupção", disse em entrevista ao La Croix o cientista político Carlos Melo, do Insper, de São Paulo.

Na capital paulista, os candidatos da política tradicional, como o atual prefeito Fernando Haddad, do PT, foram derrotados por um desconhecido das urnas, João Doria, "empresário rico com sorriso cintilante, antiga estrela de talk shows na TV", descreve o jornal francês.

"Candidato pelo PSDB, ele é o primeiro prefeito da história de São Paulo a ganhar as eleições no primeiro turno, com 53% dos votos", escreve o La Croix.

Essas eleiçéoes municipais foram particularmente duras para o PT, que governou o Brasil durante 13 anos seguidos, até o impeachment de Dilma Rousseff no dia 31 de agosto: das 644 prefeituras conquistadas em 2012, o PT conservou apenas 256 no primeiro turno e deve ganhar apenas sete mais no segundo turno. "Um desastre", ressalta a reportagem.

"O PT paga o preço dos escândalos recentes. A sua base eleitoral se sente traída", observa o cientista político Carlos Melo.

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