Acessar o conteúdo principal
Israel/Brasil

Israel pede que Brasil cesse diálogo com Irã

O presidente israelense Shimon Peres pediu neste domingo ao governo brasileiro que boicotasse o Irã, de acordo com um comunicado divulgado logo após o encontro com ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota. Em visita oficial ao país, o chanceler brasileiro iniciou hoje um giro na região, e nesta segunda-feira estará em Ramallah, na Cisjordânia, onde se reunirá com líderes da ANP (Autoridade Nacional Palestina).

O chanceler brasileiro Antonio Patriota durante cerimônia no Museu do Holocausto, em Jerusalém
O chanceler brasileiro Antonio Patriota durante cerimônia no Museu do Holocausto, em Jerusalém Foto: Reuters
Publicidade

De acordo com o texto do comunicado, divulgado pela presidência israelense, o país espera que "o Brasil boicote a partir de agora todos os eventuais encontros com o Ahmadinejad." Uma pressão inesperada para o Brasil, que defende o diálogo em todos os conflitos internacionais, inclusive com os iranianos.

Os israelenses nunca esconderam o descontentamento em relação ao acordo de Teerã, assinado em 2010 pelo então presidente Lula e o premiê turco Recep Tayyip Erdogan, que nunca foi colocado em prática. O documento, inspirado na proposta da comunidade internacional, previa a troca, em território turco, de 1200 quilos de urânio iraniano, enriquecido a 3,5%, contra 120 quilos de urânio a 20% de teor. O material seria fornecido pelas grandes potências ao Irã para abastecer seu reator científico.

Na época, Israel criticou o acordo, que não foi considerado legítimo pelas grandes potências, estimando que ele "complicaria de maneira radical" a adoção de sanções contra o Irã.  "Quando nos encontramos em 2010, disse ao presidente Lula que negociar com Ahmadinejad era um erro, já que se trata de um dirigente que ameaça um povo de destruição, nega o Holocausto e financia o terrorismo internacional", disse Peres a Patriota.

Israel não exclui ataque ao Irã, reafirma Peres a Patriota

Israel é considerado como única potência nuclear da região, mas nunca assumiu possuir a bomba atômica, mesmo sem ser signatário do TNP (Tratado de Não-Proliferação Nuclear). O governo israelense vê o programa nuclear iraniano como uma ameaça e não exclui um ataque contra as usinas iranianas, mesmo sem o apoio dos Estados Unidos, reticente a qualquer ofensiva na região.

"O Irã está desenvolvendo armas nucleares e isso é uma grande ameaça para toda a região”, declarou o presidente israelense, que mais uma vez citou uma intervenção militar como uma opção possível. "Todas as opções devem ser consideradas, nós preferimos resolver o problema negociando ou através de sanções econômicas, mas se não der certo, a opção militar é séria e crível", estimou.

Para o chanceler brasileiro, as ameaças de ataque a Israel são "preocupantes", e as consequências potenciais são "perigosas para a estabilidade do Oriente Médio." A visita do ministro ao país, além de reforçar as parcerias bilaterais, visa contribuir para o processo de paz entre Israel e a Palestina, que está congelado desde que os israelenses colocaram um fim na moratória parcial na construção de novos conjuntos habitacionais nos territórios ocupados, em setembro de 2010.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.