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Bolívia/eleições

Bolívia: Morales reivindica vitória, mas se diz disposto a disputar 2° turno

O presidente Evo Morales disse nesta quinta-feira (24) que está disposto a disputar um segundo turno com o adversário Carlos Mesa, apesar de já ter reivindicado sua vitória no primeiro turno nas eleições gerais na Bolívia, que o levaria ao quarto mandato consecutivo.

Morales anunciou sua vitória de maneira precipitada, mas depois se disse disposto a disputar o 2° turno
Morales anunciou sua vitória de maneira precipitada, mas depois se disse disposto a disputar o 2° turno REUTERS/Manuel Claure
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"Se a apuração final concluir que haverá segundo turno, participaremos, mas se o cálculo oficial mostrar que não, defenderemos o resultado", afirmou o presidente, lembrando que é necessário concluir 100% da contagem de votos e que os números podem variar. De acordo com Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), que já apurou 98,54% dos votos, Morales soma 46,85%, seguido por Mesa, com 36,68%. Segundo a lei boliviana, o candidato vence no primeiro turno se obtém mais de 40% dos votos e 10 pontos de diferença em relação ao segundo colocado, o que é o caso de Morales.

O ministro da Justiça, Héctor Arce, declarou que é preciso esperar pelo resultado oficial final do Tribunal Superior Eleitoral antes de tomar qualquer decisão. Convocar o segundo turno diretamente "seria ignorar" a Constituição, "o que é pior que ignorar a vontade popular". Um pouco mais cedo, o presidente boliviano se precipitou e não esperou a contagem final para anunciar sua vitória. "Boas notícias, nós já vencemos no primeiro turno", disse Morales em uma entrevista coletiva. "Eu estou quase certo de que com os votos de áreas rurais vamos vencer no primeiro turno", disse o presidente de esquerda.

Na véspera, Carlos Mesa disse que não reconheceria os resultados do Supremo Tribunal Eleitoral, que ele acusa de ter manipulado os votos para favorecer o candidato oficial. Mesa também anunciou a formação de uma "Coordenação de Defesa da Democracia", com o objetivo de pressionar para que haja um segundo turno.

O objetivo da aliança com os partidos da direita e líderes centristas é "conseguir que se cumpra a vontade popular de definir a eleição presidencial no segundo turno", destacou Mesa em uma nota publicada no Twitter.  A aliança articulada pelo adversário de Morales é formada pelo governador de Santa Cruz, Rubén Costas, o candidato de direita Óscar Ortiz, o empresário Samuel Doria Medina, líder da Unidade Nacional (UN, centro direita), e Fernando Camacho, executivo do Comitê Cívico Pró-Santa Cruz, da direita radical, entre outros.

OEA recomenda segundo turno

Uma missão de observadores da OEA já recomendou que, diante da desconfiança sobre o processo eleitoral, "continua sendo uma melhor opção convocar o segundo turno". Nesta quarta-feira, a Conferência Episcopal Boliviana (CEB) defendeu a realização de "um segundo turno, com uma supervisão imparcial, como a melhor saída democrática para o momento em que vivemos". Uma greve geral indefinida começou nesta quarta-feira (23) no país. Grupos leais e opositores ao presidente entraram em confronto na cidade de Santa Cruz.

Morales denunciou que "está em processo um golpe de estado", em aparente referência aos protestos e à greve indefinida. "Quero que o povo boliviano saiba que até agora suportamos humildemente para evitar a violência e não entramos em confronto", disse. A greve convocada por um coletivo de organizações civis dos nove departamentos do país começou a tomar corpo em Santa Cruz, onde manifestantes queimaram parte da sede do tribunal eleitoral na noite de terça-feira.

A greve também avança na rica região mineradora de Potosí e em outras zonas. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pediu à Bolívia para garantir a segurança, a integridade e as liberdades cidadãs, ao expressar sua "preocupação diante de graves atos de violência".

 

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