Identificação de corpo de ativista pode afetar eleições na Argentina
"Pudemos ver o corpo, reconhecemos as tatuagens de Santiago, estamos convencidos de que é Santiago", disse o irmão do ativista, Sergio Maldonado, em frente ao Instituto Médico Legal de Buenos Aires, onde a autópsia foi realizada na sexta-feira (20). O presidente argentino Mauricio Macri entrou em contato com a mãe da vítima, segundo o ministro da Justiça, Garavano.
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Com informações de Jean-Louis Buchet, correspondente da RFI em Buenos Aires, e da AFP
Ele teria sido afogado enquanto desejava atravessar o rio? Um policial argentino confessou ter disparado contra um dos fugitivos que jogou pedras contra ele, mas a autópsia não detectou ferimentos no corpo do ativista Santiago Maldonado. Em um país marcado pela repressão da ditadura (1976-1983) e seus 30 mil desaparecidos, o desaparecimento do jovem Maldonado provocou uma forte onda de indignação e pode influenciar diretamente o resultado das eleições argentinas deste domingo (22).
Santiago Maldonado desapareceu há 81 dias enquanto participava de uma manifestação na aldeia da comunidade indígena Mapuche de Cushhamen, que reivindica por anos a terra comprada pelo empresário italiano Luciano Benetton, proprietário de 900 mil hectares na Patagônia. A manifestação foi suprimida pela polícia militar.
Mobilização pública fez Justiça voltar a trabalhar
A família de Maldonado imediatamente acusou a polícia argentina e implicou o governo. Segundo o correspondente da RFI em Buenos Aires, é verdade que, após o desaparecimento do ativista, as autoridades pareciam mais preocupadas em cobrir a polícia do que em avançar a investigação. Foi necessário que o público se mobilizasse nas ruas exigindo a verdade para que o governo mudasse sua atitude e a Justiça voltasse a trabalhar.
Desde o início, o governo rejeitou a responsabilidade da polícia militar e admitiu que um policial poderia estar envolvido individualmente. A confirmação de que o cadáver descoberto é mesmo o de Santiago Maldonado acontece dois dias antes das eleições parlamentares na Argentina. A descoberta do corpo do ativista sacudiu a cena política argentina, e tanto candidatos da situação como da oposição suspenderam a campanha eleitoral.
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