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EUA/Tráfico

Extradição de El Chapo: presente envenenado do México para Trump?

O poderoso traficante de drogas mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán comparecerá pela primeira vez ante a justiça americana depois de chegar na noite de quinta-feira (19) a Nova York, após ser extraditado do México. "El Chapo", que foi durante muitos anos o traficante mais temido do planeta, enfrenta seis acusações penais nos Estados Unidos. Ele comparece hoje à Corte Federal no Brooklyn, segundo a imprensa americana.

"El Chapo" chega a Nova York após ser extraditado do México.
"El Chapo" chega a Nova York após ser extraditado do México. REUTERS ATTENTION EDITORS - THIS IMAGE WAS PROVIDED BY A THIRD P
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Emilie Barraza, correspondente da RFI no México*

A extradição de "El Chapo" na véspera da posse de Donald Trump, em litígio com o México, é um sinal forte das autoridades mexicanas. Se por um lado a decisão é uma nova demonstração de boa vontade do governo mexicano de manter boas relações diplomáticas com Washington, é também uma advertência a Donald Trump.

O republicano não apresentou uma visão coerente do combate ao tráfico de drogas durante a campanha, preferindo a retórica da construção de um muro na fronteira com o México como solução à entrada de imigrantes e uma barreira ao tráfico. A chegada de Guzmán aos Estados Unidos obriga Trump a enfrentar a espinhosa questão da segurança de forma pragmática. A mensagem que o governo mexicano quis passar com a extradição do traficante é que os Estados Unidos poderão fazer pouco nessa área sem a ajuda do México. 

Até agora, Guzmán estava detido em uma prisão federal de Ciudad Juárez, fronteiriça com a americana El Paso, no Texas. O Departamento de Justiça expressou sua gratidão ao governo mexicano por sua "cooperação e assistência" ao entregar Guzmán à justiça americana. O traficante também é requerido por tribunais da Califórnia e do Texas pelos crimes de homicídio e narcotráfico.

Silvia Delgado, advogada de Guzmán em Ciudad Juárez, disse que não foi notificada da extradição e que soube da notícia pelos meios de comunicação. "Fizeram isso de maneira ilegal porque ainda não se resolveu o recurso pendente de revisão (...) Somos os principais surpresos por essa notícia, não temos nenhuma informação por parte das autoridades", declarou Delgado.

A advogada explicou que visitou Guzmán na manhã de quinta-feira, que ele estava tranquilo e que pediu que enviasse uma carta ao presidente Enrique Peña Nieto para denunciar "a violação de seus direitos humanos". Para evitar a extradição, a defesa de Guzmán alegou que a justiça do Texas poderia condená-lo à pena de morte, o que contraria o tratado de extradição entre os dois países, já que o México aboliu a pena capital. O juiz responsável pelo caso rejeitou o argumento, enquanto a Suprema Corte se negou na quinta-feira a estudar seu caso.

Extradição foi legal

A extradição cumpre "as normas constitucionais, os requisitos estabelecidos no tratado bilateral e demais disposições legais vigentes para sua emissão", disse a chancelaria mexicana no comunicado.

A extradição foi realizada horas antes da posse na presidência americana do magnata Donald Trump, que acusou os imigrantes ilegais mexicanos no país de serem "traficantes de drogas", "estupradores" e "criminosos", e que deseja construir um muro na fronteira com o México.

O vice-procurador responsável por assuntos jurídicos e internacionais do Ministério Público do México, Alberto Elías Beltrán, afirmou em uma coletiva de imprensa que a determinação de extraditar Guzmán a horas da posse de Trump não foi motivada por assuntos de política internacional. O executivo não intervém nas decisões e prazos do poder judiciário, disse.

* Com agências internacionais

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