Le Monde fala de horizonte sombrio para as economias latinas

A edição deste sábado (12) do jornal vespertino francês Le Monde analisa a propagação da crise econômica por toda a América Latina. O artigo inicia afirmando que a desaceleração não é mais exclusiva do Brasil, da Venezuela e da Argentina, países responsáveis pela queda do crescimento na região. Segundo a publicação, mesmo os "bons alunos" como Chile e Colômbia mostram sinal de enfraquecimento.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Reuters

No continente, apenas a América Central e o Caribe passam "ilesos" pela crise devido ao aumento da atividade turística. O crescimento da América do Sul, já frágil em 2014 (+ 0,7%), deve cair este ano para 0,2%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Três de cada dez países entrarão em recessão. A Venezuela, segundo o Le Monde, merece uma mênção especial, com uma queda de 7% do PIB (Produto Interno Bruto) e uma inflação que se aproxima dos 100%. Das 7 nações que terão crescimento positivo, apenas duas, Chile e Peru, experimentarão uma aceleração da economia.

Preço baixo das matérias-primas

A América Latina enfrenta o quinto ano consecutivo de desaceleração. O preço baixo das matérias-primas coloca em xeque as economias da zona, já fragilizadas pela alta do dólar. A queda do valor do cobre (- 22% desde janeiro), que atingiu o preço mais baixo em seis anos, ameaça diretamente Chile e Peru, respectivamente primeiro e terceiro produtores do planeta.

Mesmo as economias mais robustas, como a colombiana, sofrem revezes. Muito dependente da exportação de petróleo, o país viu a produção cair fortemente em maio.

O Brasil, que mergulhou em uma recessão no último trimestre e cuja nota da dívida soberana brasileira foi rebaixada à categoria de especulativa pela agência de avaliação de risco Standard & Poor's, deve encarar um período de austeridade.

Reforçar a competitividade

"Devemos reforçar a nossa competitividade, nossa eficiência, melhorar os negócios", disse o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. O programa para enfrentar a crise não exclui cortes nos programas sociais e o aumento dos impostos.

O jornal finaliza o artigo dizendo, que apesar da diferença de solidez entre os vários países, o horizonte permanece sombrio para o continente latino-americano.