Maduro acusa ex-embaixadores americanos de complô para matá-lo
O presidente interino da Venezuela, Nicolas Maduro, acusou ontem dois ex-embaixadores americanos de fazer um complô para assassiná-lo, a uma semana das eleições presidenciais que designarão o sucessor de Hugo Chávez. Em campanha, o líder opositor Henrique Capriles tenta reverter o favoritismo do herdeiro político do presidente, falecido há pouco mais de um mês.
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Em um discurso transmitido pela emissora de televisão pública VTV, Maduro acusou a “direita salvadorenha” de ter enviado matadores de aluguel para assassiná-lo antes do pleito, em 14 de abril.”O objetivo deles é me matar, porque eles sabem que não podem vencer uma eleição livre e honesta”, disse Maduro.
“E por trás disto estão Roger Noriega e Otto Reich”, afirmou, referindo-se aos embaixadores americanos na Venezuela e na Organização dos Estados Americanos (OEA), respectivamente. Washington e Caracas não têm mais embaixadores nos países desde 2010.
Neste domingo, o candidato da oposição, Henrique Capriles, continua a percorrer a Venezuela para tentar romper o estado emocional em que o país mergulhou depois da morte de Hugo Chávez e desvincular a imagem carismática do falecido presidente de seu herdeiro político, o favorito, segundo as pesquisas de opinião, para vencer as eleições presidenciais.
A oposição venezuelana perdeu com Capriles as eleições presidenciais de outubro de 2012, contra Chávez, e em seguida sofreu uma derrota esmagadora nas regionais de dezembro, ao obter apenas 3 dos 23 governos do país.
Com duas ou três atividades eleitorais diárias em diferentes regiões, Capriles está adaptando a esta curta campanha o ritmo frenético que imprimiu nas últimas eleições, quando suas visitas "de casa em casa" por todo o país criaram a ilusão de uma vitória da oposição. Porém, Chávez acabou obtendo 55% dos votos contra 44% da oposição.
Em sua segunda tentativa de chegar à presidência, que o obrigou a deixar de lado o cargo de governador do estado de Miranda (norte), Capriles evita criticar Chávez e prefere confrontar-se diretamente com Maduro, presidente interino desde a morte de Chávez, em 5 de março.
Enquanto Maduro reitera o lema "Chávez vive, a luta continua", nos atos da oposição as palavras de ordem são "Nicolás não é Chávez". Além disso, Capriles enquadra o debate nos problemas cotidianos dos venezuelanos, como inflação, escassez de alimentos e de remédios, os apagões e a insegurança no país, que registrou 3,4 mil homicídios no primeiro trimestre, segundo números oficiais.
As pesquisas, que dão uma vantagem de mais de 10 pontos percentuais a Maduro sobre Capriles, são incapazes de fazer "um retrato fiel da circunstância" que vive o país, que em um mês se comoveu com a morte do presidente, observou seus funerais e agora caminha para celebrar novas eleições. Quando anunciou sua candidatura há menos de um mês, Capriles prometeu lutar "custe o que custar", embora tenha confessado ter sido advertido de que "está sendo levado a um matadouro".
Maduro, que durante seis anos foi chanceler até que Chávez o nomeou vice-presidente e depois seu sucessor, não para de fazer referência em seus comícios a seu mentor, do qual diz ser seu "filho" e "apóstolo", prometendo que continuará com sua revolução socialista.
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