Justiça chilena prende torturadores de pai de ex-presidente

Um juiz chileno ordenou nesta terça-feira a prisão de dois coronéis reformados da Força Aérea do Chile, acusados das torturas que levaram à morte o pai da ex-presidente Michelle Bachelet, em 1974. Alberto Bachelet sofreu uma parada cardíaca aos 51 anos, numa prisão de Santiago.

Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile, durante a Rio+20. Reuters

A prisão foi decretada contra Ramón Cáceres e Edgar Ceballos pelo juiz Mario Carroza, que investiga, desde agosto de 2011, as causas da morte do general-brigadeiro Alberto Bachelet. Preso em 1973, após o golpe que derrubou Salvador Allende, Bachelet foi submetido a um Conselho de Guerra, que o condenou por traição à Pátria por ter integrado o gabinete do presidente socialista.

Um laudo médico-legal ordenado pela justiça, divulgado em junho, concluiu que Bachelet morreu, aos 51 anos, de um ataque cardíaco provocado pelas torturas que sofreu na Academia de Guerra da Força Aérea.

Depois do anúncio do juiz, os dois ex-chefes militares foram detidos pela brigada de Direitos Humanos da Polícia de Investigações do Chile e levados para a base aérea El Bosque, em Santiago.

Como parte do processo, Michelle Bachelet, presidente do Chile de 2006 a 2010 e hoje na liderança da ONU Mulher, testemunhou ao lado de sua mãe sobre as detenções ilegais a que ambas foram submetidas em centros de tortura em 1975.

O regime sangrento de Augusto Pinochet (1973-1990) provocou a morte e desaparecimento de três mil pessoas. Outras 37 mil foram presas e torturadas, segundo organizações de direitos humanos.