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Colômbia: Como quatro crianças sobreviveram 40 dias sozinhas na selva?

As crianças, de 13, 9, 5 e 1 ano de idade, estão no hospital em Bogotá, onde devem ficar entre duas a três semanas, depois de terem sido encontradas fracas e desidratadas, e estão sendo submetidas a um protocolo de renutrição. De acordo com as últimas informações, eles estão se recuperando e falam muito pouco no momento: elas explicaram que a mãe sobreviveu por quatro dias antes de morrer e que, depois disso, ficaram por conta própria na selva.

Colômbia: os quatro pequenos sobreviventes da selva no avião militar que os levou à capital, Bogota, para tratamento, na noite de sexta-feira, 10 de junho.
Colômbia: os quatro pequenos sobreviventes da selva no avião militar que os levou à capital, Bogota, para tratamento, na noite de sexta-feira, 10 de junho. AFP - HANDOUT
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Integrantes da tribo indígena Uitoto, as crianças estavam acostumadas a viver na selva. Quando a equipe de resgate os encontrou, elas estavam sentados em uma toalha no chão perto de um riacho há vários dias, enchendo regularmente uma pequena garrafa de refrigerante para beber.

Sabe-se também que elas estavam se alimentando de reservas de farinha de mandioca encontradas no avião, de alguns alimentos deixados pelos helicópteros, mas também de raízes e frutas que elas identificaram como comestíveis. 

Sequelas 

A dimensão cultural é fundamental para explicar tanta solidariedade entre irmãos e irmãs nessa idade. Sabe-se que a filha mais velha, com 13 anos, tomava conta dos irmãos e irmãs. Em muitas sociedades tradicionais, nessa idade o pré-adolescente já é considerado um adulto, responsável pelos mais jovens.

Tradicionalmente, as crianças também estão acostumadas a lidar com as dificuldades de maneira coletiva, no que é conhecido como "apoio do grupo", e a ajuda mútua em uma tribo ou grupo de irmãos é uma ênfase muito precoce da educação nas tribos. Por fim, sabe-se agora também que eles ouviram as mensagens transmitidas pelos helicópteros de resgate, pedindo que eles ficassem juntos.

Estudos demonstram que as crianças que passam por eventos traumáticos, inclusive as mais jovens, mantêm cicatrizes psicológicas", explicou Hélène Romano, psicóloga especializada em trauma, à Franceinfo. Mesmo quando não há lembranças conscientes, pode haver "flashes sensoriais", cheiros, ruídos que trazem de volta a ansiedade, destaca o site.

Essas crianças são milagrosas, mas também passaram por um acidente e perderam a mãe, precisando, portanto, de apoio psicológico. Especialmente porque uma experiência dessa natureza não as fará retornar imediatamente ao anonimato e à vida cotidiana que tinham antes do acidente.

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