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Estratégia política? Candidato à presidência da Colômbia alega medo para não fazer campanha

Ameaças reais contra sua integridade física ou estratégica política? A pouco mais de uma semana do segundo turno da eleição presidencial na Colômbia, a decisão do candidato favorito, Rodolfo Hernández, de não participar de eventos públicos gera polêmica. Após ter ficado de fora dos comícios na campanha para o primeiro turno, ele agora alega a ausência em nome de sua segurança.

Cartazes de campanha na entrada do município de Piedecuesta, cidade natal de Rodolfo Hernández. O candidato disputa o segundo turno da eleição presidencial da Colômbia.
Cartazes de campanha na entrada do município de Piedecuesta, cidade natal de Rodolfo Hernández. O candidato disputa o segundo turno da eleição presidencial da Colômbia. © RFI/Paula Carrillo
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“Começou a circular na Colômbia rumores de que Gustavo Petro e seus assessores poderiam atacar com violência aqueles que não pensam como eles”, disse o empresário da construção e ex-prefeito de Bucaramanga, que recebeu 28,1% dos votos no primeiro turno, em 29 de maio. “Chegam alertas de que estão tentando me matar”, denuncia Hernández.

A notícia ganha destaque na Colômbia após o vazamento de vídeos em que o senador Roy Barreras, um dos articuladores da campanha do esquerdista Gustavo Petro, aparece desenhando estratégias contra seus rivais. O fato foi usado por Rodolfo Hernández para evitar aparições públicas às vésperas do segundo turno, que acontece em 19 de junho.

O anúncio foi feito em Miami, nos Estados Unidos, onde o candidato esteve fazendo campanha entre os colombianos radicados na Flórida. Um milionário que fez fortuna construindo moradias sociais, Hernández financiou sua própria campanha eleitoral. Seus vídeos com promessas fáceis e nenhum programa de governo detalhado fizeram muito sucesso nas redes sociais, transformando o candidato, de 76 anos, no “queridinho” dos jovens usuários do TikTok.

Para o cientista político da Universidade de Rosario de Bogotá, Iann Basset, a estratégia pode esconder mais do que o receio de um atentado. “Se essa é a razão, [não se expor em público] nos parece algo excessivo. Obviamente que na Colômbia é preciso ter prudência, mas não sei se tem outras razões para pensar que ele esteja em perigo”, revela em entrevista à jornalista Aida Palau, da RFI.

“Se é só isso, me parece um pretexto, e que prorroga sua estratégia de não debater, basicamente porque ele teme não saber o que responder, e por achar que o debate não lhe favoreceria”, completa Basset. “Além disso, ele tem feito uma série de declarações que não pegaram bem, comentários machistas, e penso que é uma estratégia de se manter calado até o segundo turno”, avalia.

No momento, Hernández, um nome antissistema e que deve receber os votos da direita no segundo turno, está ligeiramente à frente nas intenções de voto do candidato de esquerda, Gustavo Petro, um ex-guerrilheiro e ex-prefeito de Bogotá. 

“Se é para evitar cometer outros erros, pode ser uma boa estratégia”, afirma Basset. “Os dois candidatos, em momentos distintos da campanha, disseram que não entrariam em debates, como já fez Gustavo Preto no primeiro turno e depois voltou atrás, pois foi uma decisão que não caiu bem”, explica. Entretanto, “não ir a debates passa a impressão de uma campanha suja, negativa, com muitas acusações, e eu acredito que isso não serve para nada”, conclui o professor em Ciências Políticas e especialista em processos eleitorais.    

Nos últimos dias, a diferença nas sondagens de intenção de voto entre os dois candidatos tem diminuído e muitos institutos de pesquisa preveem um empate técnico. Pela primeira vez na história da Colômbia, o país não terá uma opção tradicional de direita no segundo turno da eleição presidencial.

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