Consulta popular de Guaidó contra Maduro não mobiliza maciçamente venezuelanos
A consulta popular organizada pela oposição venezuelana, liderada por Juan Guaidó, terminou nesse sábado (12) sem conseguir mobilizar maciçamente a população. A votação simbólica contra o regime de Nicolas Maduro havia começado na segunda-feira (7) pela internet. No sábado, os venezuelanos puderam votar presencialmente nas 3.000 urnas instaladas na Venezuela e no exterior, mas a taxa de participação foi inferior às expectativas.
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Com informações da correspondente da RFI em Caracas, Marie-Eve Detoeuf
A oposição fazia duas perguntas aos eleitores. Primeiro, se eles apoiavam “todos os mecanismos de pressão nacional e internacional por eleições presidenciais e legislativas livres” e, segundo, se rejeitavam a votação de 6 de dezembro, vencida pelo partido do presidente Nicolás Maduro.
A ambição era clara. Uma semana depois das eleições legislativas, boicotada pelos opositores, o objetivo era fazer uma demonstração de força. O resultado mostra que a aposta era arriscada. Os organizadores indicaram no Twitter que mais de 6,4 milhões de venezuelanos votaram, sendo metade deles presencialmente. A participação é maior que nas eleições legislativas da semana passada, mas, mesmo assim, o resultado indica uma taxa de abstenção superior a 60%.
No sábado à noite, Juan Guaidó parabenizou os venezuelanos “pela coragem que tiveram de enfrentar a ditadura de Maduro para ir votar”. Ele tuítou que a participação na consulta "superou a fraude organizada” em 6 de dezembro, quando o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), no poder, e seus aliados elegeram 91% dos 277 deputados da Assembleia.
Falta de entusiasmo
Em Caracas e nas outras cidades do país, a consulta popular não provocou muito entusiasmo. No último dia do referendo, os locais de votação estavam quase vazios. Neste momento em que o país é devastado pela crise, a população parece não acreditar mais na política. Mesmo assim, a oposição celebrou uma vitória e fala em "triunfo histórico".
Juan Guaidó tem dificuldades em mobilizar sua base e é cada dia mais contestado. Autoproclamado presidente interino da Venezuela em janeiro de 2019 e reconhecido por cerca de 50 países, ele apostava todas as suas cartas nesta consulta popular. O opositor boicotou as eleições legislativas e seu mandato como presidente do parlamento termina em 5 de janeiro.
Nicolás Maduro havia minimizado desde o início a importância da votação. Para o presidente venezuelano, Guaidó é um “charlatão” e uma “marionete” dos Estados Unidos. “Ninguém pode acreditar que esta consulta pela internet tenha valor legal, constitucional. Ela tem apenas um valor informativo”, afirmou Maduro na quinta-feira (10), diante dos deputados.
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