Vaticano nomeia Wilton Gregory primeiro cardeal afro-americano
Neste sábado (, Wilton Gregory será o primeiro bispo afro-americano a se ajoelhar diante de um Papa para ser ordenado cardeal. Ele também é o primeiro arcebispo negro de Washington.
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Eric De Salve, correspondente da RFI em São Francisco
Wilton Gregory, de 72 anos, está em quarentena há 10 dias no Vaticano e dá somente entrevistas rápidas pela Internet. As refeições do arcebispo de Washington são deixadas em sua porta. Uma precaução indispensável antes de participar da cerimônia, neste sábado (28), que o transformará no primeiro cardeal afro-americano.
O arcebispo é considerado como um homem de diálogo, mas direto. O religioso não poupou, por exemplo, críticas ao presidente Donald Trump pela visita surpresa à igreja Saint John, próxima à Casa Branca, um dia após a dispersão brutal de manifestantes antirracistas, em junho.
A chamada "igreja dos presidentes" sofreu danos durante o protesto. Na época, o arcebispo atacou o que ele julgou ser uma tentativa de Trump de intimidar os manifestantes, instrumentalizando a religião.
A nomeação de Gregory acontece em um momento complicado para a Igreja católica americana. A instituição está, atualmente, dividida entre progressistas e ultraconservadores, frequentemente hostis ao Papa e às posições pró-aborto do presidente eleito Joe Biden, que é católico praticante.
Implacável na luta contra a violência sexual
Defensor da política de tolerância zero, Gregory também atua contra os casos de violência sexual na Igreja. Ele foi escolhido para liderar a Igreja Católica na capital americana alguns meses depois ter aceito a demissão do ex-arcebispo de Washington. O cardial Wuerl foi acusado de ter acobertado padres que cometeram violências sexuais em sua antiga diocese.
O Papa Francisco escolheu um reformador e um homem próximo das minorias. Por esta escolha “muito importante”, a Igreja católica mostra “seu apoio à comunidade afro-americana”, diz o bispo. “Eu sou sozinho, um indivíduo símbolo”, afirma Gregory, que nasceu em Chicago.
Mas ele insiste em lembrar o padre Augustus Tolton, nascido no Missouri de pais escravos, no século 20. Ele foi o primeiro padre afro-americano e teve que ser ordenado em Roma, porque nenhum seminário dos Estados Unidos quis aceitá-lo. Ele poderia ser beatificado, diz Wilton Gregory.
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