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Coronavírus/Argentina

Coronavírus: Argentina fecha todas as suas fronteiras a estrangeiros, inclusive aos brasileiros

O presidente Alberto Fernández anunciou o fechamento total das fronteiras argentinas a todos os estrangeiros pelos próximos 15 dias, a suspensão das aulas em todo o país até 31 de março e uma licença de trabalho aos cidadãos com mais de 60 anos. Termina à meia-noite desta segunda-feira (16) o prazo para europeus deixarem o país antes que comece o período de proibição de voos das zonas afetadas.

O presidente argentino Alberto Fernández (ao centro) ao lado do prefeito de Buenos Aires Horacio Rodriguez Larreta (à esq.) e do governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof (à dir.) durante anúncio de medidas contra o coronavírus. )
O presidente argentino Alberto Fernández (ao centro) ao lado do prefeito de Buenos Aires Horacio Rodriguez Larreta (à esq.) e do governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof (à dir.) durante anúncio de medidas contra o coronavírus. ) Foto: Reuters
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Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

No anúncio feito neste domingo à noite, Alberto Fernández avisou que o fechamento de fronteiras poderia ser prorrogado e que mais medidas serão anunciadas nesta segunda-feira (16), quando se esperam restrições a 'shopping centers' e a hipermercados.

"Fechamos a fronteira da Argentina. Durante os próximos 15 dias, período que pode ser prorrogável, as fronteiras da Argentina ficarão fechadas. Não poderá entrar ninguém na Argentina, a não ser argentinos nativos ou estrangeiros residentes", informou Fernández.

"Tomamos essa decisão porque o vírus já não vem só da Europa e começa a afetar países vizinhos. E também porque observamos que, pelas fronteiras terrestres, especialmente pela de Misiones (fronteira com o Brasil e Paraguai) vêm turistas das zonas que nós classificamos como de risco", explicou.

O governo argentino considera como zonas de risco toda a Europa, Estados Unidos, Coreia do Sul, China, Japão e Irã. Desses lugares, não poderão vir voos a partir desta terça-feira (17), medida que agora se amplia a todos os estrangeiros por via aérea, marítima e terrestre.

Para o presidente, o objetivo da medida é "ganhar tempo" para preparar o país para a questão sanitária.

"Sabemos que todos os casos que tivemos são casos ‘importados'. E devemos assegurar que demorem o máximo possível em tornar-se uma transmissão de vírus autóctone. Enquanto isso, ganhar tempo, é muito importante", destacou.

Turistas estrangeiros expulsos

Na lógica do governo argentino, turistas das áreas de risco, como os europeus, entram na Argentina pela fronteira terrestre através dos países vizinhos, como o Brasil. Além disso, turistas dos países vizinhos, como os brasileiros, têm contato com estrangeiros, como os europeus, quer no próprio Brasil quer numa recente viagem à Europa e depois podem entrar na Argentina sem que houvesse passado o período de 14 dias de quarentena que todo turista das zonas de risco precisa cumprir ao entrar no território argentino.

Neste domingo, a Polícia Federal argentina e o Departamento de Migrações patrulharam cerca de 70 hotéis em todo o país em busca de turistas das zonas de risco que não estivessem cumprindo a quarentena.

Só em três dos mais luxuosos hotéis de Buenos Aires foram encontrados 90 turistas que não cumpriam o isolamento obrigatório de 14 dias. Foram deportados por não aceitarem as regras. A esses, somaram-se outros 180 turistas expulsos porque não aceitaram o período de quarentena anunciado assim que chegaram ao aeroporto internacional de Buenos Aires.

A operação para conduzir os turistas deportados incluiu exame médico, esterilização de roupa e bagagem, e escolta policial até o aeroporto.

Pelos próximos 30 dias, a partir desta terça-feira (17), nenhum voo poderá chegar das zonas de risco. Na prática, significa que esta segunda-feira é o último dia, antes do período de proibição, para esses turistas conseguirem voos de regresso aos seus países.

Suspensão das aulas na Argentina e no Chile

O presidente também anunciou a suspensão das aulas em todo o país até 31 de março, depois de, na sexta-feira, o seu ministro da Saúde, Ginés González García, ter-se negado a adotar a medida porque "não havia circulação comunitária do vírus" e porque "a medida seria contraproducente do ponto de vista da epidemia".

"Temos de minimizar o trânsito desses alunos e, consequentemente, a circulação do vírus", argumentou o presidente para justificar a mudança de visão.

A medida argentina chegou em sintonia com a do Chile, país que também suspendeu as aulas por 15 dias depois que o número de casos aumentasse em 14, totalizando agora 75 pessoas contagiadas.

Chile e Argentina anunciaram juntos os seus primeiros casos no dia 3 de março. Com dez novos casos, a Argentina, três vezes mais populosa do que o Chile, tem agora 56 casos, dos quais dois mortos e três dados de alta.

Quarentena total sob análise

Durante o dia, a expectativa era de um anúncio de quarentena total na Argentina, depois que o próprio presidente dissesse que "era favorável a parar a Argentina por dez dias".

"Estamos analisando a possibilidade de um corte total em algum momento. Estamos procurando o melhor momento. Paremos a Argentina por dez dias e fiquemos em nossas casas e evitemos a circulação", defendeu Alberto Fernández, desatando uma corrida aos supermercados, embora a medida não tenha sido depois anunciada.

Nesta segunda-feira serão anunciadas novas medidas restritivas de circulação em locais e nos meios de transporte.

"Amanhã vamos avaliar a quarentena. Vamos anunciar, em detalhes, medidas sobre comércios e empresas. Uma quarentena generalizada vai prejudicar o país se, por exemplo, afetar as empresas que produzem alimentos", ponderou Alberto Fernández, indicando que os pequenos comércios não serão afetados, mas que os grandes centros comerciais e hipermercados devem ser fechados.

"Queremos evitar a aglomeração de gente e, nos centros comerciais, existe esse problema. Não vamos fechar o comércio de bairro. Uma coisa é o shopping center; outra, a loja ao lado. Uma coisa é o mega supermercado; outra, o mercado de bairro", comparou o presidente Alberto Fernández, quem antecipou uma licença de trabalho para grupos de risco e trabalhadores, do setor público e privado, acima de 60 anos.

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