Acessar o conteúdo principal
EUA/eleições

Depois de gastar mais de R$ 1,6 bilhão, Bloomberg sai da corrida presidencial nos EUA

Acostumado a fazer apostas altas nos negócios, o empresário americano Michael Bloomberg dessa vez não obteve o que imaginava após o investimento de US$ 364 milhões (R$ 1,6 bilhão) em propaganda para a sua campanha eleitoral. O bilionário anunciou nesta quarta-feira (4) a sua retirada das primárias democratas.

O ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, decidiu se retirar das primárias democratas para a eleição presidencial dos Estados Unidos. Em 4 de março de 2020.
O ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, decidiu se retirar das primárias democratas para a eleição presidencial dos Estados Unidos. Em 4 de março de 2020. AFP Photos/Eva Marie Uzcategui
Publicidade

"Há três meses eu apresentei a minha candidatura para vencer o presidente Donald Trump. Hoje, eu me retiro da corrida pelo mesmo motivo: vencer Donald Trump, já que ficou claro para mim que continuar tornaria mais difícil conseguir isso ", afirmou Bloomberg em um comunicado. "Estou imensamente orgulhoso da campanha que realizamos", acrescentou.

O bilionário abriu mão da disputa para ser o candidato da oposição à Casa Branca após resultados decepcionantes na "Super Tuesday" (Super Terça), o dia mais importante das primárias do Partido Democrata.

Fora da disputa, Bloomberg passou a apoiar o ex-vice-presidente Joe Biden que, como ele, representa a ala moderada do Partido Democrata. "Conheço Joe há muito tempo. Conheço sua decência, honestidade e seu compromisso com causas tão importantes para o nosso país", disse o ex-prefeito de Nova York, de 78 anos.

Campanha mais cara de todos os tempos

Segundo pesquisa da consultoria Adverting Analytics, Bloomberg bateu todos os recordes em publicidade de campanha, superando os valores gastos por Barack Obama em 2012, US$ 338,3 milhões (mais de R$ 1,5 bilhão), tornando-se o candidato com mais gastos de todos os tempos. Os valores se referem apenas à verba destinada à publicidade tradicional de rádio e televisão.

“Sua fortuna não me incomoda. É um autodidata. Contrariamente a Donald Trump, ele não herdou milhões e nem conexões”, disse um dos apoiadores de Bloomberg.

Inicialmente, esses investimentos pareciam valer a pena, levando Bloomberg ao terceiro lugar nas pesquisas de opinião nacionais. Mas o empresário teve um desempenho fraco nos debates na televisão de fevereiro.

Apesar das cifras estrondosas, o ex-prefeito não conseguiu vencer em nenhum dos 14 estados onde houve votação na terça-feira. Os resultados das urnas não refletiram à expectativa do candidato que, como estratégia, preferiu entrar na campanha tardiamente, abstendo-se de participar da votação nos quatro primeiros estados.

Logo após o anúncio da desistência de Bloomberg, o presidente Donald Trump reagiu em sua conta no Twitter. "Mini Mike Bloomberg acabou de sair da corrida presidencial", escreveu. "Eu poderia ter dito há muito tempo que ele não tinha o que precisava e ele teria economizado um bilhão de dólares”, acrescentou.

Ex-vice de Obama leva a melhor na Super Terça

A votação desta terça-feira em diversos estados americanos deu vantagem ao ex-vice-presidente dos Estados Unidos. Após o anúncio dos resultados, Joe Biden discursou em Los Angeles.

“Donald Trump vai fazer as malas. A nossa campanha decola. Alguns falam de revolução, nós criamos um movimento. E vamos aumentar a taxa de participação. Vamos caminhar juntos até a Casa Branca. E vocês querem como candidato um verdadeiro democrata.  Isso é sobre o futuro. É sobre fazer os Estados Unidos acordarem. Não há nada que nós não possamos fazer”, declarou.

Entre os que aplaudiram Biden estava James Minor, um militante afro-americano da Virgínia. “A maior parte dos eleitores da Virgínia acha que Joe Biden é o melhor colocado para vencer Donald Trump. Os democratas devem se unir para isso. E Biden pode vencê-lo porque tem experiência como ex-vice-presidente. Eu vou continuar mobilizado na campanha porque é realmente importante. É tempo de Donald Trump partir”, acrescentou.

Ao lado dele, Sandra Antoine também não escondia o seu contentamento. Para ela, Biden é um pouco como um terceiro mandato de Barack Obama. “Eu reconheço que o governo Biden/ Obama fez o país avançar na boa direção, unindo os Estados Unidos. Mas perdemos essa unidade e é preciso recuperá-la”, afirmou a eleitora.

Já na Universidade da Commonwealth da Virgínia, onde a associação de estudantes organizou uma noite eleitoral, Sophia Anisami não escondia que preferia a vitória de Bernie Sanders.

“Para mim, a luta contra o aquecimento global é uma prioridade e sei que para os jovens também. Queremos um sistema econômico mais social, mais justo e equilibrado. Esses assuntos são importantes para a juventude e é por isso que apoiamos Bernie Sanders”.

Contudo, diante dos resultados, Anisami e seus amigos se diziam dispostos a também apoiar Biden. “O mais importante é que Donald Trump não tenha mais do que um mandato na Casa Branca”.

Mudança de estratégia

Para a cientista política Célia Belin, pesquisadora do Instituto Brookings, “é provável que Joe Biden vá aumentar a sua coalizão e começar a integrar as ideias progressistas de Bernie Sanders se ele realmente deseja ganhar”.  

Em entrevista à RFI, a autora do livro livro "Des démocrates en Amérique : l'heure des choix face à Trump" (Os Democratas na América: a hora da escolha frente à Trump - Edições Fayard) disse que Joe Biden se vende como “uma espécie de candidato de um programa aberto, em que todas as ideias são bem-vindas, porque é ele que será capaz de construir uma coalizão majoritária”.

 

 

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.