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Turquia/Eleições

A quatro dias de eleições, polícia turca fecha dois canais de TV de oposição a Erdogan

"Um dia sombrio para a democracia e a liberdade na Turquia", diziam as manchetes de vários sites do país nesta quarta-feira (28). A quatro dias das eleições legislativas, a tropa de choque da polícia derrubou com motosserras a porta da Kanalturk e da Bugun TV, duas redes de televisão da companhia Koza Ipek, ligada ao pastor islâmico exilado Fethullah Gulen, opositor ao presidente Recep Tayyip Erdogan. Pouco depois, os canais saíram do ar.

Funcionários da Kanalturk e da Bugun TV tentam impedir entrada da polícia no prédio que abriga as redes de TV
Funcionários da Kanalturk e da Bugun TV tentam impedir entrada da polícia no prédio que abriga as redes de TV REUTERS/Usame Ari/Zaman Daily via Cihan News Agency
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Houve confronto com manifestantes e jornalistas, que foram contidos com gás lacrimogêneo e canhões d'água. Internamente, o presidente é acusado de querer calar as vozes opositoras. A União Europeia classificou o caso como "preocupante" e o departamento de Estado americano pediu que "as autoridades turcas assegurem os valores democráticos universais".

Mas o contexto de guerra em que acontecem as eleições dá dimensão da concepção de democracia do chefe de Estado, que já censurou redes sociais, propôs suspender a imunidade parlamentar de opositores e frequentemente processa pessoas pelo crime de "insulto ao presidente". Nas eleições legislativas de julho deste ano, o partido de Erdogan perdeu a maioria parlamentar para a sigla pró-curda HDP, o que enterrou seu projeto de se garantir plenos poderes.

Desde então, o presidente lançou uma guerra contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão o PKK, no plano militar, e outra, no plano político contra o HDP. A ideia dele era conseguir recuperar a maioria - o que parece cada vez mais distante.

Incitação à violência

A oposição acusa o presidente de incitar a violência contra os curdos, o que lhe imputaria responsabilidade indireta nos recentes atentados contra opositores curdos: em Suruç, em agosto, foram 34 mortos; e, há duas semanas, em Ancara, mais de 100. A justiça turca confirmou hoje que este último ataque foi perpetrado a mando do grupo Estado Islâmico, mas até anteontem, Erdogan dizia que era uma ação coordenada do PKK com outras organizações curdas, o regime sírio e o grupo Estado Islâmico. Ou seja, todos os seus inimigos.

Hoje, o ministério do Interior lançou um site com os "terroristas" mais procurados do país, classificados pela periculosidade. Apesar de as investigações terem atribuído ao grupo Estado Islâmico a responsabilidade pelos atentados, a imensa maioria dos procurados pertence ao PKK. No grupo de alta periculosidade, também está o dono das redes de TV fechadas hoje pela polícia.

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